Muitas vezes as vias de Deus são incompreensíveis aos olhos humanos. Mas Ele sabe como conduzir as almas e os acontecimentos para realizar Seu plano de amor e salvação. Dotada de um caráter fácil e submisso, com uma marcada propensão para fazer o bem aos outros, a pequena descendente da tribo dos Dagiu dava, desde a mais tenra infância, mostras de ser uma predileta de Deus . Certa vez, estando com uma amiga nas proximidades de sua aldeia, situada na região de Darfur, no oeste do Sudão, Bakhita deparou-se com dois homens que surgiram de improviso de trás de uma cerca. Um deles pediu-lhe que fosse pegar um pacote que esquecera no bosque vizinho e disse à sua companheira que podia continuar o caminho, pois ela logo a alcançaria. "Eu não duvidava de nada, obedeci imediatamente, como sempre fazia com a minha mãe" - narrou ela.1 Protegidos pela floresta e longe de qualquer testemunha importuna, os dois estrangeiros agarraram a menina e levaram-na à força com eles, ameaçando-a com um punhal. Sua ingenuidade, bem compreensível em seus oito anos, custara-lhe caro. Contudo, eram essas as misteriosas vias da Providência, por meio das quais se realizariam os desígnios de Deus a seu respeito. Se tal fato não tivesse ocorrido talvez sua vida teria continuado na normalidade do convívio familiar, em meio aos afazeres domésticos e às práticas rituais do culto animista que professavam seus parentes. Provavelmente ela jamais conheceria a Fé Católica, e permaneceria submersa nas trevas do paganismo. Uma escravidão providencial Empurrada violentamente por seus raptores, foi levada para uma cruel e penosa escravidão. E, embora ela o ignorasse, estava dando os primeiros passos que a conduziriam, à custa de sofrimentos atrozes, rumo à verdadeira liberdade de espírito e ao encontro com o grande Senhor a Quem já amava antes de conhecer. Sim, desde muito pequena, Bakhita deleitava-se em contemplar o Sol, a Lua, as estrelas e as belezas da natureza, perguntando-se maravilhada: "Quem é o ‘patrão’ destas coisas tão bonitas? E sentia uma grande vontade de vê-lo, de conhecê-lo, de prestar-lhe homenagem". Ensina São Tomás de Aquino que "uma pessoa pode conseguir o efeito do Batismo pela força do Espírito Santo, sem Batismo de água e até sem Batismo de sangue, quando seu coração é movido pelo Espírito Santo a crer e amar a Deus e a arrepender-se de seus pecados".2 É o que se chama Batismo "de desejo", ou "de penitência" . Apoiando-nos nessa doutrina, podemos supor que na alma admirativa da escrava sudanesa brilhava a luz da graça santificante, muito antes de ela receber o Batismo sacramental. Para Bakhita, porém, apenas começara a terrível série de padecimentos que se prolongaria durante 10 anos. Tal foi o choque produzido em seu espírito pela violência do sequestro, que ela esqueceu-se até do próprio nome. Assim, quando foi interrogada pelos bandidos, não pôde pronunciar sequer uma palavra. Então um deles disse-lhe: "Muito bem... Chamar-te-emos Bakhita". Em sua voz havia um acento irônico, uma vez que este nome, em árabe, significa "afortunada". Padecimentos no cativeiro Chegando a um povoado, Bakhita foi introduzida numa cabana miserável e trancada num quarto estreito e escuro, onde permaneceu durante um mês. "Quanto eu tenha sofrido naquele lugar, não se pode dizer com as palavras", escreveria ela mais tarde. Por fim, depois desses dias nos quais a porta não se abria senão para deixar passar um parco alimento, a prisioneira pôde sair, não para ser posta em liberdade, mas para ser entregue a um traficante de escravos que acabava de adquiri-la. Bakhita haveria de ser vendida cinco vezes sucessivas, aos mais variados patrões, exposta nos mercados, presa pelos pés a pesadas correntes e obrigada a trabalhar sem descanso para satisfazer os caprichos de seus amos. Colocada a serviço da mãe e da esposa de um general, a jovem escrava ali enfrentou os piores anos de sua existência, como ela mesma descreve: "As chicotadas caíam em cima de nós sem misericórdia; de modo que nos três anos que estive a serviço deles, não me lembro de ter passado um só dia sem feridas, porque não havia ainda sarado dos golpes recebidos e recebia outros ainda, sem saber a causa. [...] Quantos maus tratos os escravos recebem sem nenhum motivo! [...] Quantas companheiras minhas de desventura morreram pelos golpes sofridos"! Além desses e de outros tormentos, fizeram-lhe uma tatuagem que a obrigou a permanecer imóvel sobre sua esteira por mais de um mês. Bakhita conservou até o fim da vida 144 cicatrizes sobre o corpo, além de um leve defeito ao caminhar. Certa vez, interrogada sobre a veracidade de tudo quanto fora contado a seu respeito, ela afirmou ter omitido em suas narrativas detalhes verdadeiramente espantosos, vistos apenas por Deus e impossíveis de serem ditos ou escritos. Entretanto, a mão do Senhor não a abandonou sequer um instante. Mesmo nos piores momentos, Bakhita sentia dentro de si uma força misteriosa que a sustentava, impelindo-a a comportar-se com docilidade e obediência, sem nunca se desesperar. Proteção amorosa de Deus Anos mais tarde, lançando um olhar sobre seu passado, reconhecia a intervenção divina nos acontecimentos de sua vida: "Posso dizer realmente que não morri por um milagre do Senhor, que me destinava a coisas melhores". E a Ele manifestava sua gratidão: "Se eu ficasse de joelhos a vida inteira, não diria, nunca, o bastante, toda a minha gratidão ao bom Deus". Prova dessa proteção amorosa de Deus, que a acompanhou desde a infância, foi a preservação de alma e de corpo na qual se manteve, mesmo em meio às torturas, sem que jamais sua castidade fosse atingida. "Eu estive sempre no meio da lama, mas não me sujei. [...] Nossa Senhora me protegeu, ainda que eu não A conhecesse. [...] Em várias ocasiões me senti protegida por um ser superior". A mudança para a Itália Em 1882, o general que a comprara teve de retornar à Turquia, seu país, e pôs à venda seus numerosos escravos Bakhita, fazendo jus a seu nome, logo despertou a simpatia do cônsul italiano Calixto Legnani, que se dispôs a adquiri-la. "Desta vez fui verdadeiramente afortunada, porque o novo patrão era bastante bom e começou a querer-me tanto bem". Embora o cônsul não pareça ter-se esforçado em iniciar nas verdades da Fé a jovem escrava, durante os anos em que esta viveu em sua casa, este período foi para ela a aurora do encontro com a Igreja. Como católico que era, Legnani tratou Bakhita com bondade. Ali não havia castigos, pancadas, nem mesmo repreensões, e ela pôde gozar da doçura característica das relações entre aqueles que procuram cumprir os mandamentos da caridade cristã. Ante o avanço de uma revolução nacionalista no Sudão, Calixto Legnani teve de voltar para a Itália. A pedido de Bakhita, levou-a consigo. Porém, chegados a Gênova, o cônsul cedeu a jovem sudanesa a seus amigos, o casal Michieli. Assim, ela passou a morar na residência desta família, em Mirano, na região do Veneto, tendo por encargo especial o cuidado da filha, a pequena Mimina. O encontro com seu verdadeiro Patrão e Senhor Estando ali, Bakhita recebeu de um amável senhor, que se interessara por ela, um belo crucifixo de prata: "Explicou-me que Jesus Cristo, Filho de Deus, tinha morrido por nós. Eu não sabia quem fosse [...]. Recordo que às escondidas o olhava e sentia uma coisa em mim que não sei explicar". Pouco a pouco, a graça foi trabalhando a alma sensível da ex-escrava africana, abrindo-a para as realidades sobrenaturais que ela desconhecia. Em sua Encíclica Spe Salvi, o Santo Padre Bento XVI assim descreve o milagre que se operou no interior de Bakhita: "Depois de ‘patrões' tão terríveis que a tiveram como sua propriedade até agora, Bakhita acabou por conhecer um ‘patrão' totalmente diferente - no dialeto veneziano que agora tinha aprendido, chamava ‘Paron' ao Deus vivo, ao Deus de Jesus Cristo. Até então só tinha conhecido patrões que a desprezavam e maltratavam ou, na melhor das hipóteses, a consideravam uma escrava útil. Mas agora ouvia dizer que existe um ‘Paron' acima de todos os patrões, o Senhor de todos os senhores, e que este Senhor é bom, a bondade em pessoa. Soube que este Senhor também a conhecia, tinha-a criado; mais ainda, amava-a. Também ela era amada, e precisamente pelo ‘Paron' supremo, diante do qual todos os outros patrões não passam de miseráveis servos. Ela era conhecida, amada e esperada; mais ainda, este Patrão tinha enfrentado pessoalmente o destino de ser flagelado e agora estava à espera dela ‘à direita de Deus Pai'".3 Uma inesperada decisão cheia de valentia Mais sofrimentos ainda a aguardavam, embora de ordem muito diversa dos anteriormente suportados: Deus lhe pediria uma prova de sua entrega, de sua renúncia a tudo, em razão do amor a Ele, oferecida de livre e espontânea vontade. Quando Bakhita, já instruída na Religião Católica pelas Irmãs Canossianas de Veneza, preparava-se para receber o Batismo, sua patroa quis levá-la de novo ao Sudão, onde a família Michieli resolvera fixar-se definitivamente. De caráter flexível e submisso, acostumada a se considerar propriedade de seus donos, revelou ela, naquela conjuntura, uma coragem até então desconhecida mesmo pelos seus mais próximos. Temendo que aquela volta pusesse em risco sua perseverança, negou-se a seguir sua senhora. As promessas de uma vida fácil, a perspectiva de rever sua pátria, a profunda afeição a Mimina e a gratidão a seus amos, nada disso pôde mudar sua decisão de dar-se a Jesus Cristo para sempre. Bakhita mostrara-se sempre dócil a seus superiores. Agora manifestava de outra forma essa virtude, obedecendo mais a Deus do que aos homens (cf. At 4, 19). "Era o Senhor que me infundia tanta firmeza, porque queria fazer-me toda sua". A entrega definitiva a Deus Tendo saído vitoriosa dessa batalha, Bakhita foi batizada, crismada e recebeu a Eucaristia das mãos do Patriarca de Veneza, no dia 09 de janeiro de 1890. Foram-lhe postos os nomes de Josefina Margarida Afortunada. "Recebi o santo Batismo com uma alegria que só os Anjos poderiam descrever", narraria mais tarde. Pouco depois, querendo selar sua entrega a Deus de maneira irreversível, solicitou seu ingresso no Instituto das Filhas da Caridade, fundado por Santa Madalena de Canossa, a quem devia sua entrada na Igreja. Na festa da Imaculada Conceição, em 1896, após cumprir seu noviciado com exemplar fervor, Josefina pronunciou seus votos na Casa-Mãe do Instituto, em Verona. A partir daí, sua vida foi um constante ato de amor a Deus, um dar-se aos outros, sem restrições, nem reservas. Ora encarregada de funções humildes, como a cozinha ou a portaria, ora enviada em missão através da Itália, a santa sudanesa aceitava com verdadeira alegria tudo quanto lhe ordenavam, conquistando a simpatia daqueles que a rodeavam, sem se cansar de dizer: "Sede bons, amai o Senhor, rezai por aqueles que não O conhecem". Sobre o espírito missionário de Bakhita comenta Bento XVI em sua encíclica: "A libertação recebida através do encontro com o Deus de Jesus Cristo, sentia que devia estendê-la, tinha de ser dada também a outros, ao maior número possível de pessoas. A esperança, que nascera para ela e a ‘redimira', não podia guardá-la para si; esta esperança devia chegar a muitos, chegar a todos".4 Submissão até o fim Por fim, após mais de 50 anos de frutuosa vida religiosa, durante os quais suas virtudes se acrisolaram no fogo da caridade, Bakhita sentiu a morte aproximar-se. Atacada por repetidas bronquites e pneumonias que foram minando sua saúde, suportou tudo com fortaleza de ânimo. Em suas últimas palavras, proferidas pouco antes de seu falecimento, deixou transparecer o gozo que lhe enchia a alma: "Quando uma pessoa ama tanto uma outra, deseja ardentemente ir para junto dela: por que, então, tanto medo da morte? A morte nos leva a Deus". Em 8 de fevereiro de 1947, a Irmã Josefina recebeu os últimos Sacramentos, acompanhando com atenção e piedade todas as orações. Avisada de que aquele dia era um sábado, seu semblante pareceu iluminar-se e exclamou com alegria: "Como estou contente! Nossa Senhora, Nossa Senhora”! Foram estas suas últimas palavras antes de entregar serenamente sua alma e encontrar-se face a face com o "Paron", que desde pequenina ansiava por conhecer. Seu corpo, transladado para junto da igreja, foi objeto da veneração de numerosos fiéis, que durante três dias ali afluíram, desejosos de contemplar pela última vez a querida Madre Moretta, como era carinhosamente conhecida, que com tanta bondade os tratara sempre. Miraculosamente, seus membros conservaram-se flexíveis durante esse período, sendo possível mover seus braços para pôr sua mão sobre a cabeça das crianças. Por este meio, Santa Josefina Bakhita revelava o grande segredo de sua santidade, refletido em seu próprio corpo. A via pela qual Deus a chamara fora a da submissão heroica à vontade divina e, para a posteridade, ela deixava um modelo a ser seguido. A humildade, a mansidão e a obediência transparecem em suas palavras, numa disposição verdadeiramente sublime de sua alma: "Se encontrasse aqueles negreiros que me raptaram, e mesmo aqueles que me torturaram, ajoelhar-me-ia para beijar as suas mãos; porque, se isto não tivesse acontecido, eu não seria agora cristã e religiosa". 1 Salvo indicação em contrário, todas as citações entre aspas pertencem a DAGNINO, Ir. Maria Luísa, Bakhita racconta la sua storia. Trad . Cecília Maríngolo, Canossiana. Roma: Città Nuova, 1989. p. 38 . 2 Cf. Suma Teológica, III, q. 66, a.11 . 3 BENTO XVI, Carta Encíclica Spe Salvi, 30/11/2007, n. 3 . 4 BENTO XVI, Carta Encíclica Spe Salvi, 30/11/2007, n. 3 (Revista dos Arautos, Fev/2009, n. 86, p. 34 à 38) ***************** Segundo texto biográfico: site do Vaticano JOSEFINA BAKHITA (1869-1947) Religiosa sudanesa da Congregação das Filhas da Caridade (Canossianas) Irmã Josefina Bakhita nasceu no Sudão (África), em 1869 e morreu em Schio (Vicenza-Itália) em 1947. Flor africana, que conheceu a angústia do rapto e da escravidão, abriu-se admiravelmente à graça junto das Filhas de Santa Madalena de Canossa, na Itália. A irmã morena Em Schio, onde viveu por muitos anos, todos ainda a chamam«a nossa Irmã Morena». O processo para a causa de Canonização iniciou-se doze anos após a sua morte e no dia 1 de dezembro de 1978, a Igreja emanava o Decreto sobre a heroicidade das suas virtudes. A Providência Divina que «cuida das flores do campo e dos pássaros do céu», guiou esta escrava sudanesa, através de inumeráveis e indizíveis sofrimentos, à liberdade humana e àquela da fé, até a consagração de toda a sua vida a Deus, para o advento do Reino. Na escravidão Bakhita não é o nome recebido de seus pais ao nascer. O susto provado no dia em que foi raptada, provocou-lhe alguns profundos lapsos de memória. A terrível experiência a fizera esquecer também o próprio nome. Bakhita, que significa «afortunada», é o nome que lhe foi imposto por seus raptores. Vendida e comprada várias vezes nos mercados de El Obeid e de Cartum, conheceu as humilhações, os sofrimentos físicos e morais da escravidão. Rumo à liberdade Na capital do Sudão, Bakhita foi, finalmente, comprada por um Cônsul italiano, o senhor Calixto Legnani. Pela primeira vez, desde o dia em que fora raptada, percebeu com agradável surpresa, que ninguém usava o chicote ao lhe dar ordens mas, ao contrário, era tratada com maneiras afáveis e cordiais. Na casa do Cônsul, Bakhita encontrou serenidade, carinho e momentos de alegria, ainda que sempre velados pela saudade de sua própria família, talvez perdida para sempre. Situações políticas obrigaram o Cônsul a partir para a Itália. Bakhita pediu-lhe que a levasse consigo e foi atendida. Com eles partiu também um amigo do Cônsul, o senhor Augusto Michieli. Na Itália Chegados em Gênova, o Sr. Legnani, pressionado pelos pedidos da esposa do Sr. Michieli, concordou que Bakhita fosse morar com eles. Assim ela seguiu a nova família para a residência de Zeniago (Veneza) e, quando nasceu Mimina, a filhinha do casal, Bakhita se tornou para ela babá e amiga. A compra e a administração de um grande hotel em Suakin, no Mar Vermelho, obrigaram a esposa do Sr. Michieli, dona Maria Turina, a transferir-se para lá, a fim de ajudar o marido no desempenho dos vários trabalhos. Entretanto, a conselho de seu administrador, Iluminado Checchini, a criança e Bakhita foram confiadas às Irmãs Canossianas do Instituto dos Catecúmenos de Veneza. E foi aqui que, a seu pedido, Bakhita, veio a conhecer aquele Deus que desde pequena ela «sentia no coração, sem saber quem Ele era». «Vendo o sol, a lua e as estrelas, dizia comigo mesma: Quem é o Patrão dessas coisas tão bonitas? E sentia uma vontade imensade vê-Lo, conhecê-Lo e prestar-lhe homenagem». Filha de Deus Depois de alguns meses de catecumenato, Bakhita recebeu os Sacramentos de Iniciação Cristã e o novo nome de Josefina. Era o dia 9 de janeiro de 1890. Naquele dia não sabia como exprimir a sua alegria. Os seus olhos grandes e expressivos brilhavam revelando uma intensa comoção. Desse dia em diante, era fácil vê-la beijar a pia batismal e dizer: «Aqui me tornei filha de Deus!». Cada novo dia a tornava sempre mais consciente de como aquele Deus, que agora conhecia e amava, a havia conduzido a Si por caminhos misteriosos, segurando-a pela mão. Quando dona Maria Turina retornou da África para buscar a filha e Bakhita, esta, com firme decisão e coragem fora do comum, manifestou a sua vontade de permanecer com as Irmãs Canossianas e servir aquele Deus que lhe havia dado tantas provas do seu amor. A jovem africana, agora maior de idade, gozava de sua liberdade de ação que a lei italiana lhe assegurava. Filha de Madalena Bakhita continuou no Catecumenato onde sentiu com muita clareza o chamado para se tornar religiosa e doar-se totalmente ao Senhor, no Instituto de Santa Madalena de Canossa. A 8 de dezembro de 1896, Josefina Bakhita se consagrava para sempre ao seu Deus, que ela chamava com carinho «el me Paron!». Por mais de 50 anos, esta humilde Filha da Caridade, verdadeira testemunha do amor de Deus, dedicou-se às diversas ocupações na casa de Schio. De fato, ela foi cozinheira, responsável do guarda-roupa, bordadeira, sacristã e porteira. Quando se dedicou a este último serviço, as suas mãos pousavam docemente sobre a cabecinha das crianças que, diariamente, freqüentavam as escolas do Instituto. A sua voz amável, que tinha a inflexão das nênias e das cantigas da sua terra, chegava prazerosa aos pequeninos, reconfortante aos pobres e doentes e encorajadoras a todos os que vinham bater à porta do Instituto. Testemunha do Amor A sua humildade, a sua simplicidade e o seu constante sorriso, conquistaram o coração de todos os habitantes de Schio. As Irmãs a estimavam pela sua inalterável afabilidade, pela fineza da sua bondade e pelo seu profundo desejo de tornar Jesus conhecido. «Sede bons, amai a Deus, rezai por aqueles que não O conhecem. Se, soubésseis que grande graça é conhecer a Deus!». Chegou a velhice, chegou a doença longa e dolorosa, mas a Irmã Bakhita continuou a oferecer o seu testemunho de fé, de bondade e de esperança cristã. A quem a visitava e lhe perguntava como se sentia, respondia sorridente: «Como o Patrão quer». A última prova Na agonia reviveu os terríveis anos de sua escravidão e vária vezes suplicava à enfermeira que a assistia: «Solta-me as correntes ... pesam muito!». Foi Maria Santíssima que a livrou de todos os sofrimentos. Assuas últimas palavras foram: «Nossa Senhora! Nossa Senhora!», enquanto o seu último sorriso testemunhava o encontro com a Mãe de Jesus. Irmã Bakhita faleceu no dia 8 de fevereiro de 1947, na Casa de Schio, rodeada pela comunidade em pranto e em oração. Uma multidão acorreu logo à casa do Instituto para ver pela última vez a sua «Santa Irmã Morena», e pedir-lhe a sua proteção lá do céu. Muitas são as graças alcançadas por sua intercessão.
SÃO MAURÍCIO São Maurício foi um capitão na Legião Tebana, uma unidade lendária do exército romano que fora recrutada no Alto Egito, na cidade de Tebas, e era composta inteiramente de cristãos. Foi o primeiro santo negro do Cristianismo. Depois disso olhei, e diante de mim estava uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, de pé, diante do trono e do Cordeiro, com vestes brancas e segurando palmas. Apocalipse 7,9 SANTA EFIGÊNIA Ifigênia ou Ifigénia é uma uma das responsáveis pela disseminação do Cristianismo na Etiópia. Era filha do rei etíope Eggipus. Ela se consagrou a Deus após se converter pela mediação de São Mateus, o Evangelista. É festejada no dia 21 de setembro. SANTO ELESBÃO Elesbão (séc. VI dC) foi um rei do Império de Axum, na atual Etiópia. Venerado no dia 27 de outubro. Era descendente do rei Salomão e da rainha de Sabá. No século VI d.c. , Elesbão conseguiu expandir o reino cristão da Etiópia através do Mar Vermelho até a Península Arábica e o Iêmen, convertendo árabes e judeus à fé cristã. Louvem o Senhor, todas as nações; exaltem-no, todos os povos! Salmos 117,1 SÃO BENEDITO Benedito, o Negro ou Benedito, o Africano, nasceu na Sicília, sul da Itália, em 1524, no seio de família pobre e era descendente de escravos oriundos da Etiópia. Outras versões dizem que ele era um escravo capturado no norte da África, o que era muito comum no sul da Itália nesta época. Neste caso, ele seria de origem moura, e não etíope. De qualquer modo, todos contam que ele tinha o apelido de "mouro" pela cor de sua pele. SÃO MARTINHO DE LIMA OU PORRES Foi um religioso e santo peruano. Era filho ilegítimo de João de Porres, nobre espanhol pertencente à Ordem de Alcântara e de Ana Velásquez, negra alforriada. A sua festa litúrgica celebra-se a 3 de novembro. É o santo patrono dos mestiços católicos. É padroeiro dos afro-americanos, mulatos e do Peru, dos barbeiros e cabelereiros. Foi o primeiro santo negro no continente americano. Não há diferença entre judeus e gentios, pois o mesmo Senhor é Senhor de todos e abençoa ricamente todos os que o invocam, Romanos 10,12 SANTA BAKHITA O nome "Bakhita" que significa em idioma africano, "afortunada", "sortuda" ou "bem-aventurada", não lhe foi dado ao nascer mas lhe foi atribuído pelos raptores. Foi capturada e vendida por mercadores de escravos negros no mercado de El Obeid e de Cartum ao cônsul da Itália no Sudão, D. Calixto Legnani, que logo lhe deu carta de liberdade. No período de escravidão, Bakhita sofreu as humilhações, sofrimento físico, psicológico e moral dos escravos negros. Sua festa litúrgica é no dia 8 de fevereiro. É a Padroeira do Sudão, dos sequestrados e escravizados. Então Pedro começou a falar: "Agora percebo verdadeiramente que Deus não trata as pessoas com parcialidade, Atos 10,34 BEATA NHÁ CHICA Ela é a primeira Santa nascida no Brasil (para a Santa Sé), a primeira Santa negra brasileira, logo uma referência importante para a população negra, sobretudo para quem professa o catolicismo. Francisca de Paula de Jesus, a Nhá Chica, nasceu em 1808, na fazenda Porteira dos Vilellas, na região de Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno, no município de São João del Rei (MG), e faleceu em 14 de junho de 1895, em Baependi (MG). Pressupõe-se que tenha nascido escrava, já que era filha de uma: Izabel Maria, filha de Nhá Rosa, que veio de Benguela, em Angola, pois quando a Lei do Ventre Livre – que considerava livre a prole de mulher escrava nascida a partir da data da lei – foi promulgada, em 28 de setembro de 1871, Nhá Chica estava com mais de 61 anos! Ela morreu sete anos após a Lei Áurea (13 de maio de 1888). Vocês, senhores, tratem seus escravos da mesma forma. Não os ameacem, uma vez que vocês sabem que o Senhor deles e de vocês está nos céus, e ele não faz diferença entre as pessoas. Efésios 6,9 BEATA MARIA CLEMENTINA Maria Clementina (nee Alphonsine ) Anuarite Nengapeta foi uma Freira da República Democrática do Congo da Congregação da Sagrada Família Irmãs Wamba ; Ela foi morta por ter resistido a uma tentativa de estupro. Ela foi declarada uma mártir e proclamada Beata pelo Papa João Paulo II em 1985 . Está escrita no Martirológio Romano em 01 de dezembro . VENERÁVEL TERESA CHIKABA Serva de Deus Teresa Juliana Chikaba (1676-1748), religiosa dominicana. Princesa africana, nasceu na Costa do Ouro, atual Guiné. Quando criança teve uma visão de Nossa Senhora com o Menino Jesus. Escravizada aos dez anos, foi entregue ao Marquês de Mancera, e logo se tornou a mais querida serva de sua esposa. Piedosa, tenta aos 24 anos entrar num convento, mas é rejeitada por vários, até ser aceita pelas dominicanas de Salamanca - apenas para trabalhar, a princípio. Mas, dando mostras de santidade, foi-lhe concedido o véu, ocasião pela qual viu o próprio São Domingos receber seus votos. Letrada, mística e penitente, é considerada a primeira escritora afro-hispânica. SÃO ZENÃO DE VERONA Nascido no Norte da África e falecido em Verona no dia 12 de abril de 371. Foi ou um dos primeiros bispos de Verona. É considerado santo pela Igreja Católica e pela Igreja Ortodoxa. São Gregório Magno, no final do século VI, relata um milagre associado à divina intercessão de Zenão. Em 588, o Adige transbordou e inundou Verona. A enchente alcançou a Igreja dedicada a São Zenão, mas, milagrosamente, a água não entrou no edifício mesmo estando as portas abertas. A igreja foi doada a Teodelinda, que supostamente testemunhou o milagre, e esposa do rei dos lombardos Autário. Zenão é geralmente representado com itens relacionados à pesca, como peixes e varas de pescar e é o padroeiro dos pescadores. "A tradição local afirma que o bispo gostava de pescar no vizinho Adige", escreve Alban Butler, "mas é mais provável que originalmente fosse um símbolo de seu sucesso em trazer pessoas para o batismo". SÃO BALTAZAR - REI MAGO As lendas irão nomear e descrever os magos. Melquior, velho de cabelos e barbas brancos, ofereceu o ouro. Gaspar, jovem imberbe, presenteou o incenso. Baltazar, com barba e a pele escura, ofereceu mirra. Este último ganharia, além da condição de rei e mago, a da santidade, único com essa tríplice condição entre os africanos que se tornaram santos da Igreja, merecendo na América portuguesa e espanhola culto, festa e lugar nos altares. Caído em esquecimento no Brasil, o culto a São Baltazar mantém-se vivo na América de origem espanhola, sendo ele lembrado como o Santito Negro ou Santo Cambá. No Brasil, era importante no Rio de Janeiro, com sua imagem sempre presente na Igreja de Nossa Senhora da Lampadosa. SÃO CARLOS LWANGA Carlos Lwanga era chefe dos pajens, que serviam na corte do rei Muanga da Uganda. Acontece que a entrada da evangelização na África, sofreu muito pelas invasões dos homens brancos, por isso os missionários tinham que ser homens verdadeiramente de Deus, ou seja, de caridade, pois facilmente eram confundidos como colonizadores. Depois da entrada dos padres que fizeram um lindo trabalho de evangelização que atingiu Carlos Lwanga e outros, o rei se revoltou e decretou pena de morte para os que rezassem. São Carlos, depois de muito se preparar junto com seus companheiros, apresentou-se diante do rei com o firme propósito de não negar a fé, por isso foi queimado vivo diante de todos. Seguindo o irmão na fé, nenhum deles renegou, até que em 1887 o último deles morreu afogado, como parte dos corajosos mártires de Uganda, na África. BEATO ISIDORO BAKANJA O Beato Isidoro Bakanja (Bokendela (Congo), entre 1880/1890 – 15 de Agosto de 1909) foi um católico leigo mártir africano. Conhecido como Mártir do Escapulário, pertencia à tribo dos Boangi. Ainda menino foi obrigado a trabalhar como pedreiro ou nos campos. Converteu-se ao cristianismo em 1906. Em seguida recebeu o escapulário e assim começou a fazer parte da "Família Carmelitana". Enquanto trabalhava para os colonizadores em uma plantação em Ikili, foi proibido pelo patrão de catequizar os seus companheiros de trabalho que eram pagãos. No dia de 22 de abril de 1909 o superintendente, depois de rasgar o escapulário carmelita que Isidoro usava como testemunho visível da própria sua fé cristã, mandou açoitá-lo duramente até sangrar. Apesar das feridas causadas por este castigo, com fé suportava pacientemente e perdoava. Morreu, por consequência dos açoites, no dia 15 de Agosto, do mesmo ano. Foi beatificado pelo Papa João Paulo II no dia 24 de Abril de 1994 durante a Assembléia Especial para a África. Sua festa é comemorada dia 12 de Agosto. Manadas de camelos cobrirão a sua terra, camelos novos de Midiã e de Efá. Virão todos os de Sabá carregando ouro e incenso e proclamando o louvor do Senhor. Isaías 60,6 SANTA SARA KALI É uma santa local, cultuada na Igreja de Saint Michel, de Notre Dame de La Mer, em Saintes-Maries-de-La-Mer, em Camargue, França. Sua festa é celebrada nos dias 24 e 25 de maio, reunindo ciganos de todo o mundo. Na Igreja Católica, temos dois Santos Ciganos, uma é Santa Sara e o outro é São Zeferino (ou Ceferino) Giménez Malla. Contam as Lendas que Sara era uma escrava egípcia que pertencia a José de Arimatéia, este a emprestou para as Marias (Maria Jacobé (de Cléofas), Maria Salomé, Maria Madalena) para ajudá-las nos afazeres da casa, até porque as Marias cuidavam de Jesus e os Apóstolos equanto mais ajuda melhor. Sara passa então a viver com as Marias e com Jesus ouvindo os seus ensinamentos, as suas pregações que lhe despertaram a fé, esta convivência continuou até a crucificação de Jesus, e Sara permaneceu na casa com as Marias. José de Arimatéia, seu escravo Trofino, as Marias e Sara, todos foram colocados em uma barca sem remos e sem alimentos, para sofrerem e morrerem em alto mar, e assim foi feito. A Lenda conta que durante os sofrimentos que todos passaram, estando em Alto Mar, sem nenhuma provisão, todos entraram em desespero, mas Sara foi a que manteve a sua Fé e em meio a todo este tormento ela se ajoelhou na Barca e começou a pedir ao Mestre que se fosse do merecimento de todos, que a Barca aportasse em segurança e que todos tivessem o livramento da morte, e se ela Sara recebesse esta graça, ela seria escrava de Jesus, levaria a palavra do Mestre aonde ela não tenha sido ouvida, e que também usaria um lenço na cabeça para o resto da sua vida, em reverencia e agradecimento pela graça alcançada. Milagrosamente a Barca aportou em segurança no Porto de Petit Roné, no sul da França, hoje conhecidacomo Saint Marie de La Mer Santas Marias do Mar, onde todos foram acolhidos e recebidos pelos pescadores que viram esta Barca aportar. não estarão fazendo discriminação, fazendo julgamentos com critérios errados? Tiago 2,4 BEATO PADRE VICTOR Pe. Francisco de Paula Victor, o sacerdote mineiro afrodescendente foi beatificado em Três Pontas, Minas Gerais, no dia 14 de novebro de 2015. Tendo vivido entre os anos 1827 e 1905, Pe. Victor tornou-se o primeiro padre ex-escravo do Brasil. Presidindo o rito, como representante do Papa Francisco – reporta o jornal vaticano “L’Osservatore Romano” –, o Cardeal Amato recordou que alguns com desprezo chamavam-no de “pretinho e não lhe poupavam humilhações pelo fato de ser de descendência africana”. Efetivamente, “tinham preconceitos raciais contra ele. Mas foram sucessivamente conquistados pela sua modéstia, bondade e simpatia”. O purpurado traçou algumas característica da personalidade do Pe. Victor, que era “de ânimo nobre. Não se deixou envolver pela mentalidade elitista dos sacerdotes, mas cultivou a virtude da humildade e da simplicidade”. Foi um pároco generoso e dinâmico, ressaltou o prefeito da Congregação das Causas dos Santos, recordando que “assegurava sempre a santa missa, celebrada no domingo com grande solenidade e com a participação de notáveis pregadores”. No entanto, Pe. Victor “jamais subiu ao púlpito, mas foi muito ativo na catequese e na administração dos sacramentos”. O mês em honra a Nossa Senhora foi introduzido por ele. Pe. Victor percorreu a cavalo “as áreas rurais para levar conforto espiritual aos que se encontravam nas regiões mais remotas”. Também as cifras evidenciam essa sua intensa atividade pastoral: entre 1852 e 1905, ano da sua morte, administrou o sacramento do Batismo a 8.790 recém-nascidos de brancos e a 383 filhos de escravos. O Cardeal Amato frisou que todos reconheciam nele “um homem de Deus, repleto dos dons do Espírito Santo. Seu zelo apostólico não conhecia limites”. O novo beato foi particularmente atento em favorecer a educação sobretudo aos jovens menos favorecidos. Para tal fundou uma escola gratuita em sua paróquia. “Era generoso e dava aos necessitados os presentes e as ofertas que recebia. Beneficiava inclusive aqueles que no início o havia desprezado”, disse o purpurado. Por isso, seus paroquianos, cerca de vinte anos após sua morte, “colocaram uma lápide em sua homenagem intitulada ao “Anjo Tutelar” dos três pontanos, com a escrita: “Sua vida foi um Evangelho. Sua memória, a consagração eterna de um exemplo vivo. Homenagem ao valor e à virtude”. Quando morreu, um jornalista escreveu que Pe. Victor era “uma arca de caridade e a sua vida foi um faixo de luz, porque ensinava aos ricos a ser misericordiosos e aos pobres a ser pacientes “, recordou o cardeal prefeito. Morreu muito pobre: na realidade, concluiu o purpurado, ele “nasceu para o Evangelho e viveu para o povo”. A Igreja no Brasil celebrará sua festa litúrgica em 23 de setembro. (RL) O SANTO EUNUCO ETÍOPE A Igreja Etíope afirma que suas primeiras origens estão no funcionário real batizado por Filipe, o Evangelista (Atos dos Apóstolos, capítulo 8): "E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta. E levantou-se, e foi; e eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros, e tinha ido a Jerusalém para adoração, regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías." (8:27) A passagem prossegue, explicando como Filipe ajudou o tesoureiro etíope a compreender a passagem do Livro de Isaías que ele estava lendo, após o qual o africano pediu para ser batizado por ele, o que Filipe fez. A versão etíope deste versículo menciona Hendeke (ህንደኬ); a rainha Gersamot Hendeke VII foi rainha da Etiópia de 42 a 52 d.C.. Padre da Igreja St. Ireneu de Lyon em seu livro Adversus haereses ( Contra as heresias , um anti- início gnóstico trabalho teológico) 3: 12: 8 (180 dC), escreveu sobre o eunuco etíope: "Este homem (Simeon Bachos o eunuco) também foi enviado para as regiões da Etiópia, para pregar o que ele próprio tinha acreditado, que havia um Deus pregada pelos profetas, mas que o Filho do presente (Deus) já tinha feito (His) aparição em carne humana, e tinha sido levado como a ovelha ao matadouro, e todas as outras declarações que os profetas feitas a respeito dele ". Na tradição etíope ortodoxa, ele é referido como Bachos e na tradição ortodoxa oriental ele é conhecido como um judeu etíope com o nome de Simeão também chamado de negro, o mesmo nome que é dado em Atos 13: 1 . A ESCRAVA ANASTÁCIA Apesar de não ser uma Santa reconhecida pela Igreja, é uma personalidade religiosa de devoção popular brasileira, cultuada informalmente por milagres que lhe são atribuídos. A própria existência da Escrava Anastácia é colocada em dúvida pelos estudiosos do assunto, já que não existem provas materiais da mesma. No imaginário popular, a Escrava Anastácia era uma escrava de linda de rara beleza, que chamava atenção de qualquer homem. Ela era curandeira, ajudava os doentes, e com suas mãos, fazia verdadeiros milagres. Por se negar a ir para a cama com seu senhor e se manter virgem, apanhou muito e foi sentenciada a usar uma máscara de ferro por toda a vida, só tirada às refeições, e ainda sendo espancada, o que a fez sobreviver por pouco tempo, tempo esse durante o qual sofreu verdadeiros martírios. Quando Anastácia morreu, seu rosto estava todo deformado. Escrava Anastácia é cultuada tanto no Brasil quanto na África. Naquela ocasião Jesus disse: "Eu te louvo, Pai, Senhor dos céus e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e cultos, e as revelaste aos pequeninos. São Mateus 11,25 NEGRINHO DO PASTOREIO Embora não seja reconhecido como um santo pela Igreja Católica, o Negrinho do Pastoreio é considerado, por aqueles que acreditam na lenda, como o protetor das pessoas que perdem algo. Escravo de um estancieiro muito mau; este menino não tinha padrinhos nem nome, sendo conhecido como Negrinho, e se dizia afilhado da Virgem Maria. Após perder uma corrida e ser cruelmente punido pelo estancieiro, o Negrinho caiu no sono, e perdeu o pastoreio. Ele foi castigado de novo, mas depois achou o pastoreio, mas, caindo no sono, o perdeu pela segunda vez. Desta vez, além da surra, o estancieiro jogou o menino sobre um formigueiro, para que as formigas o comessem, e foi embora quando elas cobriram o seu corpo. Três dias depois, o estancieiro foi até o formigueiro, e viu o Negrinho, em pé, com a pele lisa, e tirando as últimas formigas do seu corpo; em frente a ele estava a sua madrinha, a Virgem Maria, indicando que o Negrinho agora estava no céu. A partir de então, foram vistos vários pastoreios, tocados por um Negrinho, montado em um cavalo baio. SANTO ANTÔNIO DE CATEGERÓ Santo Antônio de Categeró ou Antônio de Cartago, OFS nasceu na cidade de Barca, Cirenaica, na África e, no início de sua vida religiosa, professava a fé em Maomé. Por ocasião de um aprisionamento que o fez escravo, foi levado à Sicília, para trabalhar em galeras. Vendido como trabalhador escravo a João Landavula (camponês dos arredores de Noto), transformou-se em pastor. Detentor de alma sincera, grande retidão de caráter e agudeza de espírito, aproximou-se da fé em Cristo. Muito disciplinado, sabia controlar seu corpo a ponto de vencer as fraquezas. O que se pode perceber da descrição do caráter do bem-aventurado Santo Antônio de Categeró é que o seu ascetismo foi responsável pela superação das condições sociais adversas. Quando conquistou liberdade, dedicou-se totalmente ao trabalho em hospitais (cuidar dos doentes) e à vida religiosa (homem de orações) o que o levou a ingressar para a Ordem Terceira de São Francisco e, por fim, optou por uma vida contemplativa como grande eremita no deserto. Sua morte deu-se no dia 14 de março de 1549. OBSERVAÇÃO: Há outros Santos africanos que se acredita terem sido negros, como Santo Agostinho e sua Mãe, Santa Mônica, São Serapião, São Saturnino, Santas Perpétua e Felicidade, etc., mas como não se tem certeza absoluta, preferi não retratá-los aqui. Lembrando que muitos Santos foram embranquecidos devido a maior parte da população ser européia, como o caso de São Maurício, que ora encontramos imagens suas brancas, ora negras. Mas, no início, todas eram negras. Assim como temos imagens que eram brancas e se tornaram negras como algumas imagens de Nossa Senhora, devido ao material de que eram feitas. (VEJA AS POSTAGENS IMAGENS DE NOSSA SENHORA NEGRA: http://rezairezairezai.blogspot.com.br/search/label/NOSSAS%20SENHORAS%20NEGRAS) Um fato escandaloso são as imagens brancas de Nhá Chica, que mostram como o preconceito ainda está presente em membros da Igreja, tentando embranquecer uma Mulher, no mínimo, mulata. O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA NOS DIZ SOBRE DISCRIMINAÇÃO: "§1935 A igualdade entre os homens diz respeito essencialmente à sua dignidade pessoal e aos direitos que daí decorrem. Qualquer forma de discriminação nos direitos fundamentais da pessoa, seja (essa discriminação) social ou cultural, ou que se fundamente no sexo, na raça, na cor, na condição social, na língua ou na religião deve ser superada e eliminada, porque contrária ao plano de Deus." VEJA MAIS SANTOS NEGROS E NEGRAS CATÓLICOS:
A verdadeira felicidade exige coragem e espírito de sacrifício, rejeição de todo compromisso com o mal e disposição para pagar com a própria vida a fidelidade a Deus e aos seus Mandamentos. "Nessa tarde, em Ferriere di Conca, um maníaco sexual, aproveitando a ausência de familiares, tentou violentar uma garota de 12 anos que morava na mesma casa que ele. A menina, que se chamava Maria, reagiu às tentativas do agressor e foi morta." Fatos semelhantes a esse se tornaram frequentes em nossos dias. Para muitos, este ato vil e ignóbil, já tem a aparência de corriqueiro... E, considerando apenas a frequência com que acontecem e são noticiados, até que seria fácil considerá-los banais, caso neles não estivessem envolvidos aspectos tão graves e elevados como a vida humana, os bons costumes, a moral e os mandamentos da Lei de Deus. A notícia que transcrevemos acima pode ser tida como mera repetição: não é! Um dos aspectos que a tornam sublime é o fato de a vítima ter se transformado em exemplo: por amor a Deus, ela enfrentou seu algoz para defender sua pureza; morreu virgem. No artigo que publicamos você conhecerá o que leva essa notícia a não ser banal, mas, sublime. Você saberá por que uma menina, há mais de cem anos, foi capaz de defender a virgindade até o martírio e tornar-se santa. Você saberá quem foi Santa Maria Goretti. * * * * * * * * * * O século XX se iniciou sob a égide do progresso nas comunicações. Com o aperfeiçoamento da fotografia e da imprensa, jornais, folhetos e revistas pululavam por toda parte, noticiando acontecimentos ocorridos nos mais distantes rincões da Terra. Foi este um fator preponderante para que, em 1902, o mundo cristão pudesse tomar conhecimento da trágica história de uma camponesa italiana de apenas onze anos de idade, brutalmente assassinada com 14 punhaladas, enquanto defendia até o martírio a virtude angélica. Seu nome - Maria Goretti - "se nos apresenta como um incitamento ao zelo da Igreja pela pureza, ao valor dessa virtude que ela sempre inculcou. De tal maneira que mais vale a pena à pessoa sacrificar sua vida do que perder a castidade”. 1 Entretanto, a firmeza dessa pequena mártir não nasceu de um momento para outro, mas foi fruto de uma intensa vida espiritual, fortalecida pelo Pão Eucarístico nas suas últimas semanas de vida. Este fato, quiçá, tenha contribuído de modo decisivo para, oito anos depois, o Papa São Pio X facultar a Primeira Comunhão às crianças tão logo lhes desponte o uso da razão, pressentindo os maravilhosos efeitos que a presença de Cristo iria produzir nos corações infantis. "Haverá santos entre as crianças", afirmou ele. Muito se escreveu já a respeito do martírio dessa santa, tão bem cognominada como um "Anjo da Pureza". Contudo, pouco se comenta de sua breve e piedosa vida, cujo desfecho não foi senão uma decorrência da fé e do amor a Jesus, levados às últimas consequências. É o que teremos oportunidade de contemplar nestas linhas. Lar pobre, profundamente cristão Nascida em 16 de outubro de 1890, na aldeia de Corinaldo, próxima do mar Adriático, a segunda filha de Luigi Goretti e Assunta Carlini foi batizada logo no dia seguinte, com o nome de Maria Teresa. A família era pobre, mas profundamente católica, e, seguindo o costume vigente naquele tempo, os pais fizeram com que Marietta - como passou a ser carinhosamente chamada - recebera o Sacramento da Crisma com apenas seis anos de idade. Verdadeiro rosto de Santa Maria Goretti (foto da santa) Mudança de casa e de vida Quando a menina tinha tão só sete anos, o pequeno campo de Luigi Goretti tornou-se insuficiente para manter a família, e ele decidiu emigrar para Colle Gianturco, nos arredores de Paliano, distante a uns 50 quilômetros de Roma, em busca de melhores oportunidades. Todavia, ali também não tiveram êxito: apesar da dura labuta sob o Sol abrasador, mal conseguiam o necessário para alimentar-se. Dois anos depois, nova mudança se fez necessária, desta vez para Ferrieri di Conca, triste e pantanosa localidade agrícola, onde Luigi faleceu um ano depois de haverem ali chegado, com apenas 41 anos de idade, vítima da malária que grassava naqueles úmidos campos. Marietta manifestava um caráter bondoso, dócil e humilde, e se revelou de uma maturidade precoce impressionante, diante da necessidade da mudança de vida que se lhe apresentou. Ajudou nos cuidados do pai enfermo como uma pessoa adulta e, após sua morte, assumiu os encargos do lar, para a mãe poder substituir o marido nos trabalhos do campo. Limpava a casa, buscava água na fonte, rachava lenha, cozinhava e cuidava dos quatro irmãos menores como uma pequena mãezinha. Quando lhes faltava o alimento, conseguia algo a custa de alguns trabalhos, como a venda de pombos e ovos no mercado da cidade próxima, Nettuno. Não se esquecia da educação dos irmãozinhos: repreendia-os pelas travessuras, ensinava-lhes as boas maneiras, as orações e os rudimentos do Catecismo. Apaixonada pelo Santo Rosário, rezava-o todas as noites em companhia da mãe e dos irmãos, com uma piedade edificante. E depois de todos se recolherem, recitava mais um terço em sufrágio da alma de seu falecido pai. Mama Assunta, mãe de Santa Maria Goretti (foto dela já bem idosa) Mais de uma vez viu a mãe sem um centavo na bolsa e sem uma fatia de pão no armário, chorando e lamentando- se pela falta do esposo. Nessas ocasiões, com o coração compungido, a menina a abraçava e beijava, esforçando- se para não chorar também, e dizia-lhe: "Coragem, mãezinha! Coragem! Dentro em pouco estamos crescidos, depressa nos faremos todos grandes... De que tem medo? Nós a sustentaremos!... Nós a manteremos!... Deus providenciará!...". Estes são alguns lampejos de sua alma angelical. Sua mãe, depois de falecida a filha, não deixava de dar testemunho de sua virtude: "Sempre, sempre, sempre obediente a minha filhinha! Nunca me deu o mais pequenino desgosto. Mesmo quando recebia alguma repreensão imerecida, por faltazinhas involuntárias, nunca se mostrou rebelde, nunca se desculpou, mas mantinha-se calma, respeitosa, sem nunca ficar amuada". Malfadada sociedade com os Serenelli Em Ferrieri, Luigi trabalhava numa propriedade do conde Lorenzo Mazzoleni, em sociedade com Giovanni Serenelli e seu filho Alessandro. Viúvo, muito dado ao vinho e sem discrição nas palavras, Giovanni não se preocupara com a educação do filho. Este, com 19 anos de idade, era um rapaz de caráter introvertido, sem qualquer formação religiosa. Nunca ia à Missa e apenas vez por outra acompanhava os Goretti na recitação do rosário, num canto da sala. Sendo o único daquela casa que sabia ler, seu pai lhe trazia jornais com artigos de cunho anticlerical, além de novelas inconvenientes, contendo ilustrações que despertavam sua imaginação e exacerbavam- -lhe os maus desejos. Ele as utilizava como decoração para as paredes de seu quarto. Entretanto, devido à malfadada sociedade de trabalho estabelecida entre Luigi e Giovanni, as duas famílias residiam no mesmo imóvel. E Alessandro, como ele próprio confessou mais tarde, mesmo reconhecendo a candura daquela menina que o tratava como a um irmão mais velho, passou a fitá-la com olhares mal-intencionados, alimentando uma paixão que pouco tempo depois culminaria na conhecida tragédia. Antes de morrer, Luigi - movido talvez por um mau pressentimento - havia aconselhado a esposa a voltar para Corinaldo. Ela, porém, presa pelo contrato e pelas dívidas, não tinha meios para sair da casa dividida com os Serenelli. Apesar de os quartos serem separados, a cozinha era comum e a pequena Marietta, embora com tão pouca idade, atendia às duas famílias nos afazeres domésticos. Primeira Comunhão Naquela época era necessário ter doze anos para receber a Sagrada Eucaristia, e Marietta sofria por não poder alimentar-se do "Pão dos Anjos" e do "Vinho que engendra virgens". Seu desejo aumentava a cada domingo, quando ia à Missa com a mãe e a madrinha, enfrentando quatro horas de caminhada num caminho polvorento, até a igreja mais próxima. Às suas insistentes súplicas de poder preparar-se para fazer a Primeira Comunhão, sua pobre mãe lhe respondia que, não sabendo ler, ela não tinha como aprender a doutrina. Além disso, na situação de penúria em que se encontravam, onde conseguir dinheiro para o vestido e as outras prendas? Determinada, a menina não se deixava abater. Por fim, obteve autorização para ir certos dias à residência dos Mazzoleni, a fim de receber ensinamentos de sua piedosa governanta, e participar do Catecismo dos domingos, ministrado pelo senhor Alfredo Paliani para um grupo de jovenzinhos. Sem prejuízo de seus afazeres domésticos, estudou e rezou durante onze meses, dando belos exemplos de virtude. Para assegurar-se da boa preparação da filha, Assunta fê-la submeter-se a um exame com o Arcipreste de Nettuno, o qual garantiu estar ela apta para receber Jesus em seu coração. Após fazer os exercícios espirituais preparatórios, pregados por um sacerdote passionista, Marietta voltou para casa muito compenetrada e disse, em tom de voz sério: "Sabes, mamãe, o padre narrou-nos a Paixão de Jesus. E depois nos disse que quando nós cometemos um pecado, renovamos a Paixão do Senhor". Manifestava, com esta grave afirmação, o propósito de evitar a todo custo o pecado. No dia da Primeira Comunhão, antes de sair para a igreja, estando já pronta, com o vestidinho branco que sua mãe lhe obtivera com muito esforço e um singelo véu que recebera de presente, pediu perdão de suas faltas à mãe, aos irmãos, aos Serenelli e aos vizinhos. Um lar pobre, mas profundamente cristão Era a festa de Corpus Christi de 1902, quando, não tendo ainda completado 12 anos, Maria Goretti recebia Nosso Senhor em seu coração. Quais terão sido as impressões e os colóquios divinos, nesse primeiro encontro entre Jesus Eucarístico e aquela alma inocente, disposta a nunca ofendê-Lo pelo pecado, mesmo à custa da própria vida? Só se saberá na eternidade... A alegria e disposição de alma consequentes com o grande passo dado na vida espiritual manifestaram-se logo que Marietta chegou a casa. Abraçando a mãe, prometeu- -lhe: "Mãezinha, ó minha mãezinha, serei sempre e cada vez melhor!". É melhor morrer do que pecar Os frutos da Primeira Comunhão logo se fizeram sentir. Um dia, regressou ao lar contando haver visto uma companheira da catequese conversando maliciosamente com um jovem libertino. Imediatamente fugira do local e, ainda horrorizada, afirmou: "É melhor morrer, mamãe, do que dizer palavras feias". Santa Maria Goretti, "anjo" da virtude da pureza Poucas semanas se passaram e a pequena não comungara mais que duas ou três vezes, sempre aos domingos. No sábado, 5 de julho, manifestou o desejo de ir, no dia seguinte, acompanhada de uma amiga, receber novamente a Sagrada Comunhão. Estava disposta a caminhar dez quilômetros até Nettuno ou Campomorto, sob o Sol inclemente e em jejum, para receber seu amado Jesus. Seus planos foram, porém, modificados pela sanha de Alessandro. Este já a havia assediado por duas vezes e fora energicamente repelido. Ameaçou então matá-la, e não só ela, mas também a Assunta, caso falasse a alguém sobre isso. Marietta nada dissera à mãe, para não afligi-la ainda mais, mas pedia-lhe para não deixá-la sozinha em casa e procurava estar sempre na companhia de algum dos irmãos. Naquela tarde, todavia, a jovem ficara cosendo na sacada exterior, tendo apenas junto a si a irmã mais nova, que dormia placidamente. Alessandro arranjara um jeito de escapar-se do trabalho e, retornando para a residência, arrastou Marietta à força para dentro. Percebendo suas infames intenções, ela exprobrava-lhe a ação pecaminosa: "Não, não! Deus não quer isso! Se o fazes, irás para o inferno"! Tomado de fúria, o criminoso desferiu-lhe então 14 cruéis punhaladas. Em seguida, jogou fora a arma e foi trancar-se no seu quarto. A menina, porém, depois de um curto desmaio, conseguiu caminhar até o terraço e pedir socorro. A notícia do acontecido logo se espalhou pela vizinhança e o assassino foi preso. Últimas horas no hospital A alma de Maria Goretti partindo para o Céu... Marietta foi conduzida de ambulância ao hospital de Nettuno, onde a submeteram a uma dolorosa laparotomia. Foram duas horas de operação, sem anestesia! Aliás, a tentativa de salvá-la era vã, pois tinha perfurados o pericárdio, o coração, o pulmão esquerdo, o diafragma e o intestino. Os médicos não compreendiam como ainda estava viva. Voltando da sala de cirurgias para junto de sua mãe, mostrava-se preocupada em tranquilizá-la; dizia-lhe que estava bem e perguntava pelos irmãos. A desidratação causada pela perda de sangue a fazia sofrer terrivelmente, mas a gravidade das feridas impedia-lhe de sorver uma gota d'água sequer. Nessa situação, recordar a sede padecida por Jesus no alto da Cruz trazia-lhe consolo. No dia seguinte teve a graça de receber a almejada Comunhão, mas em circunstâncias quão diversas das que ela imaginara! O Arcipreste de Nettuno, Dom Signori, levara-lhe o Santo Viático ao hospital, e quando lhe perguntou se sabia Quem iria receber, ela respondeu: "Sim, é aquele mesmo Jesus que dentro em pouco irei ver face a face". O sacerdote recordou-lhe ter Nosso Senhor perdoado a todos no alto da Cruz e prometido ao bom ladrão que ainda naquele dia estaria com Ele no Paraíso. Perguntou-lhe, então, se perdoava seu assassino: "Sim, por amor a Jesus, perdoo-lhe. E também quero que esteja comigo no Paraíso!... Lá do Céu, rogarei pelo seu arrependimento!". Com este estado de espírito recebeu os Sacramentos. Algumas horas depois, entrou no delírio da morte. Instintivamente osculava o crucifixo e a medalha de Nossa Senhora, insígnia da Associação das Filhas de Maria, na qual fora admitida já no leito de morte. Invocou muitas vezes a Virgem Maria, e por volta das três horas da tarde expirou. Aparição de Maria Goretti a seu assassino Alessandro Catorze lírios cintilantes A morte de Maria Goretti foi chorada por todos os que a conheceram. Logo se espalhou a fama de sua santidade e, apenas dois anos depois, seus restos mortais foram depositados no grandioso monumento erigido em sua honra, no Santuário Pontifício de Nossa Senhora das Graças, em Nettuno. Um dos fatos prodigiosos que contribuíram para sua canonização foi a conversão de Alessandro. Em 1910, depois de haver passado por um período de frieza e rebeldia, tendo inclusive pensado em se suicidar, o infeliz assassino foi visitado por sua vítima no cárcere de Noto. Marietta lhe apareceu vestida de branco, oferecendo-lhe lírios que, ao serem tocados por ele, se transformavam em chamas cintilantes. Eram ao todo 14... O mesmo número das punhaladas recebidas! Assistido pelos padres passionistas, Alessandro se converteu. Cumpridos 27 anos de prisão, foi libertado e dirigiu-se a Corinaldo, onde então morava a mãe de Marietta, para pedir-lhe perdão. Imitando a atitude da filha, ela o perdoou e comungaram lado a lado, na Missa de Natal. Depois, o assassino arrependido fez-se terciário franciscano e terminou seus dias, já ancião, como servente e jardineiro num convento capuchinho. Dia da Canonização de Santa Maria Goretti, por Pio XII Mensagem para a juventude do terceiro milênio Santa Maria Goretti foi canonizada pelo Papa Pio XII, em 24 de junho de 1950. A cerimônia, da qual participou sua mãe, junto com os filhos e netos, teve de ser realizada na Praça de São Pedro, por não haver espaço suficiente para a multidão no interior da Basílica. Em 6 de julho de 2003, concluindo as comemorações do centenário de sua morte, o Beato João Paulo II perguntava, em seu pronunciamento do Angelus: "O que diz aos jovens de hoje esta jovem frágil, mas cristãmente madura, com a sua vida e, sobretudo, com a sua morte heroica?" Urna com os restos mortais de Maria Goretti E continuava: "Marietta, assim era chamada familiarmente, recorda à juventude do terceiro milênio que a verdadeira felicidade exige coragem e espírito de sacrifício, rejeição de todo compromisso com o mal e disposição para pagar com a própria vida, mesmo com a morte, a fidelidade a Deus e aos seus Mandamentos. "Como é atual esta mensagem! Hoje se exaltam, muitas vezes, o prazer, o egoísmo ou até a imoralidade, em nome de falsos ideais de liberdade e de felicidade. É preciso reafirmar com clareza que a pureza do coração e do corpo deve ser defendida, porque a castidade ‘guarda' o amor autêntico. "Santa Maria Goretti ajude todos os jovens a experimentar a beleza e a alegria da bem-aventurança evangélica: ‘Felizes os puros de coração, porque verão a Deus' (Mt 5, 8). A pureza de coração, como qualquer virtude, exige um treino cotidiano da vontade e uma constante disciplina interior. Pede, acima de tudo, o recurso assíduo a Deus, na oração". (Revista Arautos do Evangelho, Julho/2011, n. 115, p. 30 à 33) Relicário com uma costela da santa
SÃO MAURÍCIO São Maurício foi um capitão na Legião Tebana, uma unidade lendária do exército romano que fora recrutada no Alto Egito, na cidade de Tebas, e era composta inteiramente de cristãos. Foi o primeiro santo negro do Cristianismo. Depois disso olhei, e diante de mim estava uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, de pé, diante do trono e do Cordeiro, com vestes brancas e segurando palmas. Apocalipse 7,9 SANTA EFIGÊNIA Ifigênia ou Ifigénia é uma uma das responsáveis pela disseminação do Cristianismo na Etiópia. Era filha do rei etíope Eggipus. Ela se consagrou a Deus após se converter pela mediação de São Mateus, o Evangelista. É festejada no dia 21 de setembro. SANTO ELESBÃO Elesbão (séc. VI dC) foi um rei do Império de Axum, na atual Etiópia. Venerado no dia 27 de outubro. Era descendente do rei Salomão e da rainha de Sabá. No século VI d.c. , Elesbão conseguiu expandir o reino cristão da Etiópia através do Mar Vermelho até a Península Arábica e o Iêmen, convertendo árabes e judeus à fé cristã. Louvem o Senhor, todas as nações; exaltem-no, todos os povos! Salmos 117,1 SÃO BENEDITO Benedito, o Negro ou Benedito, o Africano, nasceu na Sicília, sul da Itália, em 1524, no seio de família pobre e era descendente de escravos oriundos da Etiópia. Outras versões dizem que ele era um escravo capturado no norte da África, o que era muito comum no sul da Itália nesta época. Neste caso, ele seria de origem moura, e não etíope. De qualquer modo, todos contam que ele tinha o apelido de "mouro" pela cor de sua pele. SÃO MARTINHO DE LIMA OU PORRES Foi um religioso e santo peruano. Era filho ilegítimo de João de Porres, nobre espanhol pertencente à Ordem de Alcântara e de Ana Velásquez, negra alforriada. A sua festa litúrgica celebra-se a 3 de novembro. É o santo patrono dos mestiços católicos. É padroeiro dos afro-americanos, mulatos e do Peru, dos barbeiros e cabelereiros. Foi o primeiro santo negro no continente americano. Não há diferença entre judeus e gentios, pois o mesmo Senhor é Senhor de todos e abençoa ricamente todos os que o invocam, Romanos 10,12 SANTA BAKHITA O nome "Bakhita" que significa em idioma africano, "afortunada", "sortuda" ou "bem-aventurada", não lhe foi dado ao nascer mas lhe foi atribuído pelos raptores. Foi capturada e vendida por mercadores de escravos negros no mercado de El Obeid e de Cartum ao cônsul da Itália no Sudão, D. Calixto Legnani, que logo lhe deu carta de liberdade. No período de escravidão, Bakhita sofreu as humilhações, sofrimento físico, psicológico e moral dos escravos negros. Sua festa litúrgica é no dia 8 de fevereiro. É a Padroeira do Sudão, dos sequestrados e escravizados. Então Pedro começou a falar: "Agora percebo verdadeiramente que Deus não trata as pessoas com parcialidade, Atos 10,34 BEATA NHÁ CHICA Ela é a primeira Santa nascida no Brasil (para a Santa Sé), a primeira Santa negra brasileira, logo uma referência importante para a população negra, sobretudo para quem professa o catolicismo. Francisca de Paula de Jesus, a Nhá Chica, nasceu em 1808, na fazenda Porteira dos Vilellas, na região de Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno, no município de São João del Rei (MG), e faleceu em 14 de junho de 1895, em Baependi (MG). Pressupõe-se que tenha nascido escrava, já que era filha de uma: Izabel Maria, filha de Nhá Rosa, que veio de Benguela, em Angola, pois quando a Lei do Ventre Livre – que considerava livre a prole de mulher escrava nascida a partir da data da lei – foi promulgada, em 28 de setembro de 1871, Nhá Chica estava com mais de 61 anos! Ela morreu sete anos após a Lei Áurea (13 de maio de 1888). Vocês, senhores, tratem seus escravos da mesma forma. Não os ameacem, uma vez que vocês sabem que o Senhor deles e de vocês está nos céus, e ele não faz diferença entre as pessoas. Efésios 6,9 BEATA MARIA CLEMENTINA Maria Clementina (nee Alphonsine ) Anuarite Nengapeta foi uma Freira da República Democrática do Congo da Congregação da Sagrada Família Irmãs Wamba ; Ela foi morta por ter resistido a uma tentativa de estupro. Ela foi declarada uma mártir e proclamada Beata pelo Papa João Paulo II em 1985 . Está escrita no Martirológio Romano em 01 de dezembro . VENERÁVEL TERESA CHIKABA Serva de Deus Teresa Juliana Chikaba (1676-1748), religiosa dominicana. Princesa africana, nasceu na Costa do Ouro, atual Guiné. Quando criança teve uma visão de Nossa Senhora com o Menino Jesus. Escravizada aos dez anos, foi entregue ao Marquês de Mancera, e logo se tornou a mais querida serva de sua esposa. Piedosa, tenta aos 24 anos entrar num convento, mas é rejeitada por vários, até ser aceita pelas dominicanas de Salamanca - apenas para trabalhar, a princípio. Mas, dando mostras de santidade, foi-lhe concedido o véu, ocasião pela qual viu o próprio São Domingos receber seus votos. Letrada, mística e penitente, é considerada a primeira escritora afro-hispânica. SÃO ZENÃO DE VERONA Nascido no Norte da África e falecido em Verona no dia 12 de abril de 371. Foi ou um dos primeiros bispos de Verona. É considerado santo pela Igreja Católica e pela Igreja Ortodoxa. São Gregório Magno, no final do século VI, relata um milagre associado à divina intercessão de Zenão. Em 588, o Adige transbordou e inundou Verona. A enchente alcançou a Igreja dedicada a São Zenão, mas, milagrosamente, a água não entrou no edifício mesmo estando as portas abertas. A igreja foi doada a Teodelinda, que supostamente testemunhou o milagre, e esposa do rei dos lombardos Autário. Zenão é geralmente representado com itens relacionados à pesca, como peixes e varas de pescar e é o padroeiro dos pescadores. "A tradição local afirma que o bispo gostava de pescar no vizinho Adige", escreve Alban Butler, "mas é mais provável que originalmente fosse um símbolo de seu sucesso em trazer pessoas para o batismo". SÃO BALTAZAR - REI MAGO As lendas irão nomear e descrever os magos. Melquior, velho de cabelos e barbas brancos, ofereceu o ouro. Gaspar, jovem imberbe, presenteou o incenso. Baltazar, com barba e a pele escura, ofereceu mirra. Este último ganharia, além da condição de rei e mago, a da santidade, único com essa tríplice condição entre os africanos que se tornaram santos da Igreja, merecendo na América portuguesa e espanhola culto, festa e lugar nos altares. Caído em esquecimento no Brasil, o culto a São Baltazar mantém-se vivo na América de origem espanhola, sendo ele lembrado como o Santito Negro ou Santo Cambá. No Brasil, era importante no Rio de Janeiro, com sua imagem sempre presente na Igreja de Nossa Senhora da Lampadosa. SÃO CARLOS LWANGA Carlos Lwanga era chefe dos pajens, que serviam na corte do rei Muanga da Uganda. Acontece que a entrada da evangelização na África, sofreu muito pelas invasões dos homens brancos, por isso os missionários tinham que ser homens verdadeiramente de Deus, ou seja, de caridade, pois facilmente eram confundidos como colonizadores. Depois da entrada dos padres que fizeram um lindo trabalho de evangelização que atingiu Carlos Lwanga e outros, o rei se revoltou e decretou pena de morte para os que rezassem. São Carlos, depois de muito se preparar junto com seus companheiros, apresentou-se diante do rei com o firme propósito de não negar a fé, por isso foi queimado vivo diante de todos. Seguindo o irmão na fé, nenhum deles renegou, até que em 1887 o último deles morreu afogado, como parte dos corajosos mártires de Uganda, na África. BEATO ISIDORO BAKANJA O Beato Isidoro Bakanja (Bokendela (Congo), entre 1880/1890 – 15 de Agosto de 1909) foi um católico leigo mártir africano. Conhecido como Mártir do Escapulário, pertencia à tribo dos Boangi. Ainda menino foi obrigado a trabalhar como pedreiro ou nos campos. Converteu-se ao cristianismo em 1906. Em seguida recebeu o escapulário e assim começou a fazer parte da "Família Carmelitana". Enquanto trabalhava para os colonizadores em uma plantação em Ikili, foi proibido pelo patrão de catequizar os seus companheiros de trabalho que eram pagãos. No dia de 22 de abril de 1909 o superintendente, depois de rasgar o escapulário carmelita que Isidoro usava como testemunho visível da própria sua fé cristã, mandou açoitá-lo duramente até sangrar. Apesar das feridas causadas por este castigo, com fé suportava pacientemente e perdoava. Morreu, por consequência dos açoites, no dia 15 de Agosto, do mesmo ano. Foi beatificado pelo Papa João Paulo II no dia 24 de Abril de 1994 durante a Assembléia Especial para a África. Sua festa é comemorada dia 12 de Agosto. Manadas de camelos cobrirão a sua terra, camelos novos de Midiã e de Efá. Virão todos os de Sabá carregando ouro e incenso e proclamando o louvor do Senhor. Isaías 60,6 SANTA SARA KALI É uma santa local, cultuada na Igreja de Saint Michel, de Notre Dame de La Mer, em Saintes-Maries-de-La-Mer, em Camargue, França. Sua festa é celebrada nos dias 24 e 25 de maio, reunindo ciganos de todo o mundo. Na Igreja Católica, temos dois Santos Ciganos, uma é Santa Sara e o outro é São Zeferino (ou Ceferino) Giménez Malla. Contam as Lendas que Sara era uma escrava egípcia que pertencia a José de Arimatéia, este a emprestou para as Marias (Maria Jacobé (de Cléofas), Maria Salomé, Maria Madalena) para ajudá-las nos afazeres da casa, até porque as Marias cuidavam de Jesus e os Apóstolos equanto mais ajuda melhor. Sara passa então a viver com as Marias e com Jesus ouvindo os seus ensinamentos, as suas pregações que lhe despertaram a fé, esta convivência continuou até a crucificação de Jesus, e Sara permaneceu na casa com as Marias. José de Arimatéia, seu escravo Trofino, as Marias e Sara, todos foram colocados em uma barca sem remos e sem alimentos, para sofrerem e morrerem em alto mar, e assim foi feito. A Lenda conta que durante os sofrimentos que todos passaram, estando em Alto Mar, sem nenhuma provisão, todos entraram em desespero, mas Sara foi a que manteve a sua Fé e em meio a todo este tormento ela se ajoelhou na Barca e começou a pedir ao Mestre que se fosse do merecimento de todos, que a Barca aportasse em segurança e que todos tivessem o livramento da morte, e se ela Sara recebesse esta graça, ela seria escrava de Jesus, levaria a palavra do Mestre aonde ela não tenha sido ouvida, e que também usaria um lenço na cabeça para o resto da sua vida, em reverencia e agradecimento pela graça alcançada. Milagrosamente a Barca aportou em segurança no Porto de Petit Roné, no sul da França, hoje conhecidacomo Saint Marie de La Mer Santas Marias do Mar, onde todos foram acolhidos e recebidos pelos pescadores que viram esta Barca aportar. não estarão fazendo discriminação, fazendo julgamentos com critérios errados? Tiago 2,4 BEATO PADRE VICTOR Pe. Francisco de Paula Victor, o sacerdote mineiro afrodescendente foi beatificado em Três Pontas, Minas Gerais, no dia 14 de novebro de 2015. Tendo vivido entre os anos 1827 e 1905, Pe. Victor tornou-se o primeiro padre ex-escravo do Brasil. Presidindo o rito, como representante do Papa Francisco – reporta o jornal vaticano “L’Osservatore Romano” –, o Cardeal Amato recordou que alguns com desprezo chamavam-no de “pretinho e não lhe poupavam humilhações pelo fato de ser de descendência africana”. Efetivamente, “tinham preconceitos raciais contra ele. Mas foram sucessivamente conquistados pela sua modéstia, bondade e simpatia”. O purpurado traçou algumas característica da personalidade do Pe. Victor, que era “de ânimo nobre. Não se deixou envolver pela mentalidade elitista dos sacerdotes, mas cultivou a virtude da humildade e da simplicidade”. Foi um pároco generoso e dinâmico, ressaltou o prefeito da Congregação das Causas dos Santos, recordando que “assegurava sempre a santa missa, celebrada no domingo com grande solenidade e com a participação de notáveis pregadores”. No entanto, Pe. Victor “jamais subiu ao púlpito, mas foi muito ativo na catequese e na administração dos sacramentos”. O mês em honra a Nossa Senhora foi introduzido por ele. Pe. Victor percorreu a cavalo “as áreas rurais para levar conforto espiritual aos que se encontravam nas regiões mais remotas”. Também as cifras evidenciam essa sua intensa atividade pastoral: entre 1852 e 1905, ano da sua morte, administrou o sacramento do Batismo a 8.790 recém-nascidos de brancos e a 383 filhos de escravos. O Cardeal Amato frisou que todos reconheciam nele “um homem de Deus, repleto dos dons do Espírito Santo. Seu zelo apostólico não conhecia limites”. O novo beato foi particularmente atento em favorecer a educação sobretudo aos jovens menos favorecidos. Para tal fundou uma escola gratuita em sua paróquia. “Era generoso e dava aos necessitados os presentes e as ofertas que recebia. Beneficiava inclusive aqueles que no início o havia desprezado”, disse o purpurado. Por isso, seus paroquianos, cerca de vinte anos após sua morte, “colocaram uma lápide em sua homenagem intitulada ao “Anjo Tutelar” dos três pontanos, com a escrita: “Sua vida foi um Evangelho. Sua memória, a consagração eterna de um exemplo vivo. Homenagem ao valor e à virtude”. Quando morreu, um jornalista escreveu que Pe. Victor era “uma arca de caridade e a sua vida foi um faixo de luz, porque ensinava aos ricos a ser misericordiosos e aos pobres a ser pacientes “, recordou o cardeal prefeito. Morreu muito pobre: na realidade, concluiu o purpurado, ele “nasceu para o Evangelho e viveu para o povo”. A Igreja no Brasil celebrará sua festa litúrgica em 23 de setembro. (RL) O SANTO EUNUCO ETÍOPE A Igreja Etíope afirma que suas primeiras origens estão no funcionário real batizado por Filipe, o Evangelista (Atos dos Apóstolos, capítulo 8): "E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta. E levantou-se, e foi; e eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros, e tinha ido a Jerusalém para adoração, regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías." (8:27) A passagem prossegue, explicando como Filipe ajudou o tesoureiro etíope a compreender a passagem do Livro de Isaías que ele estava lendo, após o qual o africano pediu para ser batizado por ele, o que Filipe fez. A versão etíope deste versículo menciona Hendeke (ህንደኬ); a rainha Gersamot Hendeke VII foi rainha da Etiópia de 42 a 52 d.C.. Padre da Igreja St. Ireneu de Lyon em seu livro Adversus haereses ( Contra as heresias , um anti- início gnóstico trabalho teológico) 3: 12: 8 (180 dC), escreveu sobre o eunuco etíope: "Este homem (Simeon Bachos o eunuco) também foi enviado para as regiões da Etiópia, para pregar o que ele próprio tinha acreditado, que havia um Deus pregada pelos profetas, mas que o Filho do presente (Deus) já tinha feito (His) aparição em carne humana, e tinha sido levado como a ovelha ao matadouro, e todas as outras declarações que os profetas feitas a respeito dele ". Na tradição etíope ortodoxa, ele é referido como Bachos e na tradição ortodoxa oriental ele é conhecido como um judeu etíope com o nome de Simeão também chamado de negro, o mesmo nome que é dado em Atos 13: 1 . A ESCRAVA ANASTÁCIA Apesar de não ser uma Santa reconhecida pela Igreja, é uma personalidade religiosa de devoção popular brasileira, cultuada informalmente por milagres que lhe são atribuídos. A própria existência da Escrava Anastácia é colocada em dúvida pelos estudiosos do assunto, já que não existem provas materiais da mesma. No imaginário popular, a Escrava Anastácia era uma escrava de linda de rara beleza, que chamava atenção de qualquer homem. Ela era curandeira, ajudava os doentes, e com suas mãos, fazia verdadeiros milagres. Por se negar a ir para a cama com seu senhor e se manter virgem, apanhou muito e foi sentenciada a usar uma máscara de ferro por toda a vida, só tirada às refeições, e ainda sendo espancada, o que a fez sobreviver por pouco tempo, tempo esse durante o qual sofreu verdadeiros martírios. Quando Anastácia morreu, seu rosto estava todo deformado. Escrava Anastácia é cultuada tanto no Brasil quanto na África. Naquela ocasião Jesus disse: "Eu te louvo, Pai, Senhor dos céus e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e cultos, e as revelaste aos pequeninos. São Mateus 11,25 NEGRINHO DO PASTOREIO Embora não seja reconhecido como um santo pela Igreja Católica, o Negrinho do Pastoreio é considerado, por aqueles que acreditam na lenda, como o protetor das pessoas que perdem algo. Escravo de um estancieiro muito mau; este menino não tinha padrinhos nem nome, sendo conhecido como Negrinho, e se dizia afilhado da Virgem Maria. Após perder uma corrida e ser cruelmente punido pelo estancieiro, o Negrinho caiu no sono, e perdeu o pastoreio. Ele foi castigado de novo, mas depois achou o pastoreio, mas, caindo no sono, o perdeu pela segunda vez. Desta vez, além da surra, o estancieiro jogou o menino sobre um formigueiro, para que as formigas o comessem, e foi embora quando elas cobriram o seu corpo. Três dias depois, o estancieiro foi até o formigueiro, e viu o Negrinho, em pé, com a pele lisa, e tirando as últimas formigas do seu corpo; em frente a ele estava a sua madrinha, a Virgem Maria, indicando que o Negrinho agora estava no céu. A partir de então, foram vistos vários pastoreios, tocados por um Negrinho, montado em um cavalo baio. SANTO ANTÔNIO DE CATEGERÓ Santo Antônio de Categeró ou Antônio de Cartago, OFS nasceu na cidade de Barca, Cirenaica, na África e, no início de sua vida religiosa, professava a fé em Maomé. Por ocasião de um aprisionamento que o fez escravo, foi levado à Sicília, para trabalhar em galeras. Vendido como trabalhador escravo a João Landavula (camponês dos arredores de Noto), transformou-se em pastor. Detentor de alma sincera, grande retidão de caráter e agudeza de espírito, aproximou-se da fé em Cristo. Muito disciplinado, sabia controlar seu corpo a ponto de vencer as fraquezas. O que se pode perceber da descrição do caráter do bem-aventurado Santo Antônio de Categeró é que o seu ascetismo foi responsável pela superação das condições sociais adversas. Quando conquistou liberdade, dedicou-se totalmente ao trabalho em hospitais (cuidar dos doentes) e à vida religiosa (homem de orações) o que o levou a ingressar para a Ordem Terceira de São Francisco e, por fim, optou por uma vida contemplativa como grande eremita no deserto. Sua morte deu-se no dia 14 de março de 1549. OBSERVAÇÃO: Há outros Santos africanos que se acredita terem sido negros, como Santo Agostinho e sua Mãe, Santa Mônica, São Serapião, São Saturnino, Santas Perpétua e Felicidade, etc., mas como não se tem certeza absoluta, preferi não retratá-los aqui. Lembrando que muitos Santos foram embranquecidos devido a maior parte da população ser européia, como o caso de São Maurício, que ora encontramos imagens suas brancas, ora negras. Mas, no início, todas eram negras. Assim como temos imagens que eram brancas e se tornaram negras como algumas imagens de Nossa Senhora, devido ao material de que eram feitas. (VEJA AS POSTAGENS IMAGENS DE NOSSA SENHORA NEGRA: http://rezairezairezai.blogspot.com.br/search/label/NOSSAS%20SENHORAS%20NEGRAS) Um fato escandaloso são as imagens brancas de Nhá Chica, que mostram como o preconceito ainda está presente em membros da Igreja, tentando embranquecer uma Mulher, no mínimo, mulata. O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA NOS DIZ SOBRE DISCRIMINAÇÃO: "§1935 A igualdade entre os homens diz respeito essencialmente à sua dignidade pessoal e aos direitos que daí decorrem. Qualquer forma de discriminação nos direitos fundamentais da pessoa, seja (essa discriminação) social ou cultural, ou que se fundamente no sexo, na raça, na cor, na condição social, na língua ou na religião deve ser superada e eliminada, porque contrária ao plano de Deus." VEJA MAIS SANTOS NEGROS E NEGRAS CATÓLICOS:
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Santa tradicional, não incluída no Martirológio Romano atual. Martirológio Romano (1956): Em Roma, Santa Sofia, Viúva, mãe das santas virgens e mártires Pistis (Fé), Elpis (Esperança) e Agape (Caridade). (c. século II). Santa Sofia, cujo nome significa “Sabedoria Divina” teve por filhas as três virgens: Fé, Esperança e Caridade, nomes escolhidos por ela no batismo, pelo amor que dedicava a essas virtudes cristãs. Santa Sofia buscou sempre a perfeição evangélica, sendo agraciada por Deus com o dom de contemplar as grandezas celestiais, educando suas filhas num reto amor pelas virtudes, numa época de intensas perseguições ao Cristianismo - por volta do século 130 d.C. Sofia e suas filhas viveram na época da perseguição do imperador romano Adriano e seu prefeito Antíoco. Sendo discípulas incondicionais de N. S. Jesus Cristo, foram presas e martirizadas, porque pregavam por toda cidade de Roma e arredores a mensagem do Crucificado. As filhas foram martirizadas na presença da mãe. Santa Sofia, cuja fé e fortaleza eram inabaláveis, animava suas filhas a perseverarem na virtude mesmo durante os bárbaros tormentos que lhe foram infligidos pelo imperador que fazendo sofrer as filhas pretendia fazer a mãe renegar sua fé cristã. Santa Fé foi a primeira a ser martirizada, sendo despida, atada de mãos e pés, cruelmente chicoteada tendo seus cotovelos e tornozelos esmagados à marteladas, em meio aos risos e injúrias do imperador; sua irmã, Santa Esperança, também despida, foi lançada lentamente numa caldeira de betume derretido; por fim, Santa Caridade, de apenas nove anos de idade, foi decapitada, seu corpo retalhado e lançado ao fogo. A santa mãe, ajudada por alguns dos presentes, enterrou os corpos de suas santas filhas, e prostrada diante do túmulo comum, rezava. Algum tempo depois Sofia morreu na paz do Senhor. Seu corpo foi enterrado pelos cristãos na mesma sepultura de suas filhas. Ela também foi mártir porque padeceu em sua alma cada um dos tormentos que suas filhas padeceram. Adriano morreu roído de podridão e de remorsos, reconhecendo que se comportara iniquamente com aquelas santas, e fora cruel com os seguidores de Cristo. Esta história se encontra recompilada na Legenda Áurea. Santa Sofia faleceu no dia 30 de setembro do ano 130, tornando-se uma das santas mais populares na Igreja do Oriente. Seu Santuário na Itália localiza-se na cidade de Poderia, Salerno, e no Brasil na cidade do Rio de Janeiro, no bairro de Cosmos, a igreja foi construída pelo então comendador Serafim Sofia, grande devoto desta santa. http://es.catholic.net/op/articulos/35108/sofa-o-sonia-santa.html http://www.paideamor.com.br/santos/santa_sofia.htm
Nasceu no dia 17 de abril de 1865, em Losdorf, na Áustria. Foi batizada com o nome de Julia. Seu pai, Antônio, filho de um revolucionário do ano 1930, foi obrigado a emigrar do seu próprio país – a Polônia. A mãe, Josefina, de origem suíça, consciente das conseqüências de seu casamento com um polonês, colaborava com seu marido para educar os filhos em espírito de pertença à nação polonesa. Tinha 08 irmãos dos quais dois morreram em fama de santidade: A Beata Maria Teresa, Fundadora da Congregação de São Pedro Claver e Vladimiro, Superior Geral da Companhia de Jesus. Julia gozava de um afeto especial. Sua mãe chamava-a de “Raio de Sol” e ela aceitou este nome como seu programa de vida... Queria como um raio depender continuamente do seu Sol Divino e com seu amor iluminar a vida dos outros, para conduzi-los à fonte de todo o bem, a Deus. Nos estudos, se distinguia pela inteligência, aplicação e comportamento em modo tal que seu nome foi escrito no “Livro de Ouro” da escola. Cultivou suas capacidades artísticas de música, pintura e línguas. A santa quando menina. Em 1883, a família Ledóchowski retornou à Polônia e se estabeleceu em Lipnica Murowana, próximo à Cracóvia. Os seus numerosos contatos com o povo da localidade permitiram-lhe descobrir quais eram suas dificuldades e sofrimentos, o que lhe deu oportunidade para colocar-se a serviço dos mais necessitados. O seu irmão Vladimiro declara: “Tinha um coração extremamente sensível e terno para com cada miséria e cada desgraça. Cercava de cuidados e preocupações especialmente os doentes e pobres; ia buscá-los em casa, providenciava remédios, prestava diversos serviços, consolava-os.” Em 1885, seu pai e sua irmã Maria Teresa foram contagiados por uma epidemia de varíola e o conde Antônio não superou esta grave doença. Em seu leito de morte quis ser assistido por sua filha Julia que, em tal ocasião, lhe pediu a permissão de tornar-se religiosa, o que lhe foi concedido de coração. Seu irmão procurou ajudá-la convencendo a mãe em luto que suplicava para que ela ficasse ao seu lado e o pároco local que não queria perder a benéfica influencia que Julia exercitava sob a população da região. Em 1886, Julia entrou no convento autônomo das Ursulinas em Cracóvia. Em 1889, fez a profissão religiosa assumindo a nome de Úrsula. Em seguida inicia as atividades de educadora e professora no ginásio dirigido pelas mesmas irmãs. Em 1904, foi eleita superiora do convento. Abriu o primeiro pensionato para as moças universitárias. Adaptou as Constituições religiosas às necessidades apostólicas recebendo aprovação da Santa Sé. Como professora unia o profundo conhecimento da matéria com uma acessível e interessante forma de ensinar. Exercia uma profunda e duradoura influencia sobre as educandas. Não poupava esforços para aprofundar nas alunas a vida espiritual. Com as irmãs, como Superiora, era paciente e compreensiva. Entre suas alunas, em Cracóvia, entrou em contato com muitas jovens provenientes dos territórios ocupados pela Rússia. Sentia a necessidade de abrir uma obra missionária na Rússia. Em 1907, à pedido da colônia polonesa de Petersburgo e com a bênção do Papa Pio X, Madre Úrsula vestida de leiga porque era proibida a existência de conventos, parte com algumas irmãs para Petersburgo e assume a direção do internato junto ao ginásio polonês Santa Catarina. Além das atividades de educadora e professora, empreende numerosas ações de caráter apostólico e ecumênico. Em 1908 obtém a ereção da casa de Petersburgo como convento autônomo e é nomeada Superiora. Em São Petersburgo não se desencorajou diante das numerosas dificuldades do deplorável estado financeiro do pensionato, dos educadores e professores mal dispostos para com as religiosas, da falta de conhecimento da língua russa e da necessidade de esconder a própria identidade religiosa, ao menos nos contatos oficiais. A aproximação com as moças foi relativamente fácil. Eis o que relata uma delas: “Rebeldes, esperávamos na grande sala, segundo o que nos foi dito, a nossa nova e severa educadora. Entretanto, entrou uma pessoa serena e querida, passou sobre nós um olhar bondoso e disse com sorriso: 'Então, daqui em diante seremos uma família'. Viemos para perto dela. Rompeu-se o gelo”. Também o corpo docente foi conquistado e algumas das professoras, entre elas a responsável do pensionato, aumentaram a comunidade das irmãs, naturalmente no maior segredo. Madre Úrsula com toda a energia põe-se a trabalhar. Toma nas mãos a administração do internato e introduz as mudanças necessárias. Dedica, porém a maior parte do seu tempo para as jovens. Faz surgir uma capela dentro do internato. Funda o Sodalício Mariano, organiza retiros estimulando nas educandas a necessidade de Deus. Em 1910 abre, na Finlândia, em Merentähti uma escola com pensionato para as jovens polonesas. Merentähti se torna o centro de ajuda e de atividade religiosa também para a população local na maior parte pobres pescadores. Aprende a difícil língua finlandesa para traduzir o catecismo e os cantos religiosos. Traz de Petersburgo uma enfermeira para cuidar dos doentes. As autoridades russas percebem a atuação da Madre e iniciam uma seqüência de interrogações e perseguições. Em 1914, com o estouro da Primeira Guerra Mundial, é expulsa definitivamente do território russo e da Finlândia. Madre Úrsula refugia-se na Suécia. Insere-se, com entusiasmo e com novas iniciativas na vida do ambiente local e nas atividades da Igreja católica. Entre outras atividades dá início a um Instituto de Línguas Estrangeiras. Entra no comitê de ajuda as vítimas da guerra na Polônia organizado por H. Sienkiewicz. Percorre os países escandinavos pronunciando dezenas de conferências sobre a Polônia, sua cultura, sua história e seu direito à independência. Mantém contatos com pessoas de diversas nacionalidades, religiões e ideologias. Reúne as Senhoras para colocações religiosas e retiros espirituais... Funda o Sodalício Mariano... Publica uma revista mensal com o título “Centelhas de Sol”. Única revista católica, ainda hoje, na Suécia. No ano de 1917, inicia ainda outras obras importantes: Organiza na Dinamarca (Djursholm, 1915 e Aalborg 1918) a casa para os órfãos dos operários poloneses que vinham aos países escandinavos para trabalhar periodicamente e por causa da guerra ficaram separados do próprio país. Funda também uma escola de economia doméstica para as jovens. Com o fim da Primeira Guerra Mundial e consciente das conseqüências da mesma, se abre diante de Madre Úrsula um vasto campo apostólico. Em 1920 retorna à Polônia com um grupo de irmãs e de crianças órfãs. A comunidade se estabelece em Pniewy. Madre Úrsula obtém a permissão da Santa Sé para transformar a casa autônoma de Petersburgo em um novo Instituto: a Congregação das Irmãs Ursulinas do Coração de Jesus Agonizante. A Congregação participa com dinamismo da vida do país em reconstrução. Dá-se um rápido desenvolvimento às obras e as comunidades. Entre os anos 1920 - 1939 foram fundadas 35 casas na Polônia, Itália e França. O número de irmãs chega a 800. Abraça com a própria atividade as necessidades sociais e religiosas: Abre Institutos de educação, escolas com pensionatos para as jovens, creches, organiza a catequese, Congregação Mariana, edição de um periódico religioso, etc. Madre Úrsula morreu em Roma, no dia 29 de maio de 1939 na casa geral da Congregação. Seu corpo foi sepultado no cemitério de Verano. Em 22 de abril de 1959, foi realizada uma exumação e o corpo intacto foi transferido para a casa geral. Em 1989 foi realizada uma segunda exumação e o corpo foi transladado para a Polônia, em Pniewy, atraindo um grande número de peregrinos. Na Polônia, devido à cor do hábito, se popularizaram como as "ursulinas cinzas" e na Itália, como as "irmãs polonesas". A ordem foi aprovada em 1930 e se desenvolveu com rapidez. Quando sua fundadora, madre Úrsula, morreu, já existiam trinta e cinco casas e mais de mil irmãs. Ela deixou vários livros, todos escritos em polonês, que foram traduzidos para o italiano e francês. O papa São João Paulo II, em 1983, a beatificou, numa comovente cerimônia em Poznan, quando visitava a Polônia. Vinte anos depois ele mesmo a canonizou, declarando ser seu devoto. O culto em sua homenagem foi designado para o dia de sua morte. “Ursulinas do Sagrado Coração de Jesus – e a Igreja acrescentou – Agonizante”. Assim é chamada a Congregação da Madre Úrsula, através da qual se perpetua até hoje a sua espiritualidade que animou profundamente a sua existência. A missão específica da Congregação na Igreja é anunciar o Cristo e o amor do seu coração através da educação e do ensino das crianças e dos jovens, através do serviço aos irmãos mais necessitados e oprimidos e através de outras formas de atividade que têm como finalidade a Evangelização do mundo. Atualmente a Congregação está presente em 13 países: Polônia, Itália, França, Canadá, Argentina, Brasil, Alemanha, Finlândia, Tanzânia, Rússia, Ucrânia, Filipinas e Bolivia. Ide ao mundo com o sorriso nos lábios. Ide semear um pouco de felicidade neste vale de lágrimas sorrindo para todos, especialmente para os tristes, para os desanimados diante da vida, para os que estão caindo sob o peso da cruz; Ide sorrindo para eles com aquele sorriso límpido que fala da bondade de Deus. (Madre Úrsula Ledóchowska)
"Um exemplo da liberalidade de Deus para com aqueles que não põem obstáculos à graça divina. Sua vida prova como a graça operou marav...
Palestra do Prof. Felipe Aquino Palestra do Pe. Paulo Ricardo Imagens relativas à Solenidade de Todos os Santos:
Santa tradicional, não incluída no Martirológio Romano atual. Martirológio Romano (1956): Em Roma, Santa Sofia, Viúva, mãe das santas virgens e mártires Pistis (Fé), Elpis (Esperança) e Agape (Caridade). (c. século II). Santa Sofia, cujo nome significa “Sabedoria Divina” teve por filhas as três virgens: Fé, Esperança e Caridade, nomes escolhidos por ela no batismo, pelo amor que dedicava a essas virtudes cristãs. Santa Sofia buscou sempre a perfeição evangélica, sendo agraciada por Deus com o dom de contemplar as grandezas celestiais, educando suas filhas num reto amor pelas virtudes, numa época de intensas perseguições ao Cristianismo - por volta do século 130 d.C. Sofia e suas filhas viveram na época da perseguição do imperador romano Adriano e seu prefeito Antíoco. Sendo discípulas incondicionais de N. S. Jesus Cristo, foram presas e martirizadas, porque pregavam por toda cidade de Roma e arredores a mensagem do Crucificado. As filhas foram martirizadas na presença da mãe. Santa Sofia, cuja fé e fortaleza eram inabaláveis, animava suas filhas a perseverarem na virtude mesmo durante os bárbaros tormentos que lhe foram infligidos pelo imperador que fazendo sofrer as filhas pretendia fazer a mãe renegar sua fé cristã. Santa Fé foi a primeira a ser martirizada, sendo despida, atada de mãos e pés, cruelmente chicoteada tendo seus cotovelos e tornozelos esmagados à marteladas, em meio aos risos e injúrias do imperador; sua irmã, Santa Esperança, também despida, foi lançada lentamente numa caldeira de betume derretido; por fim, Santa Caridade, de apenas nove anos de idade, foi decapitada, seu corpo retalhado e lançado ao fogo. A santa mãe, ajudada por alguns dos presentes, enterrou os corpos de suas santas filhas, e prostrada diante do túmulo comum, rezava. Algum tempo depois Sofia morreu na paz do Senhor. Seu corpo foi enterrado pelos cristãos na mesma sepultura de suas filhas. Ela também foi mártir porque padeceu em sua alma cada um dos tormentos que suas filhas padeceram. Adriano morreu roído de podridão e de remorsos, reconhecendo que se comportara iniquamente com aquelas santas, e fora cruel com os seguidores de Cristo. Esta história se encontra recompilada na Legenda Áurea. Santa Sofia faleceu no dia 30 de setembro do ano 130, tornando-se uma das santas mais populares na Igreja do Oriente. Seu Santuário na Itália localiza-se na cidade de Poderia, Salerno, e no Brasil na cidade do Rio de Janeiro, no bairro de Cosmos, a igreja foi construída pelo então comendador Serafim Sofia, grande devoto desta santa. http://es.catholic.net/op/articulos/35108/sofa-o-sonia-santa.html http://www.paideamor.com.br/santos/santa_sofia.htm
Muitas vezes as vias de Deus são incompreensíveis aos olhos humanos. Mas Ele sabe como conduzir as almas e os acontecimentos para realizar Seu plano de amor e salvação. Dotada de um caráter fácil e submisso, com uma marcada propensão para fazer o bem aos outros, a pequena descendente da tribo dos Dagiu dava, desde a mais tenra infância, mostras de ser uma predileta de Deus . Certa vez, estando com uma amiga nas proximidades de sua aldeia, situada na região de Darfur, no oeste do Sudão, Bakhita deparou-se com dois homens que surgiram de improviso de trás de uma cerca. Um deles pediu-lhe que fosse pegar um pacote que esquecera no bosque vizinho e disse à sua companheira que podia continuar o caminho, pois ela logo a alcançaria. "Eu não duvidava de nada, obedeci imediatamente, como sempre fazia com a minha mãe" - narrou ela.1 Protegidos pela floresta e longe de qualquer testemunha importuna, os dois estrangeiros agarraram a menina e levaram-na à força com eles, ameaçando-a com um punhal. Sua ingenuidade, bem compreensível em seus oito anos, custara-lhe caro. Contudo, eram essas as misteriosas vias da Providência, por meio das quais se realizariam os desígnios de Deus a seu respeito. Se tal fato não tivesse ocorrido talvez sua vida teria continuado na normalidade do convívio familiar, em meio aos afazeres domésticos e às práticas rituais do culto animista que professavam seus parentes. Provavelmente ela jamais conheceria a Fé Católica, e permaneceria submersa nas trevas do paganismo. Uma escravidão providencial Empurrada violentamente por seus raptores, foi levada para uma cruel e penosa escravidão. E, embora ela o ignorasse, estava dando os primeiros passos que a conduziriam, à custa de sofrimentos atrozes, rumo à verdadeira liberdade de espírito e ao encontro com o grande Senhor a Quem já amava antes de conhecer. Sim, desde muito pequena, Bakhita deleitava-se em contemplar o Sol, a Lua, as estrelas e as belezas da natureza, perguntando-se maravilhada: "Quem é o ‘patrão’ destas coisas tão bonitas? E sentia uma grande vontade de vê-lo, de conhecê-lo, de prestar-lhe homenagem". Ensina São Tomás de Aquino que "uma pessoa pode conseguir o efeito do Batismo pela força do Espírito Santo, sem Batismo de água e até sem Batismo de sangue, quando seu coração é movido pelo Espírito Santo a crer e amar a Deus e a arrepender-se de seus pecados".2 É o que se chama Batismo "de desejo", ou "de penitência" . Apoiando-nos nessa doutrina, podemos supor que na alma admirativa da escrava sudanesa brilhava a luz da graça santificante, muito antes de ela receber o Batismo sacramental. Para Bakhita, porém, apenas começara a terrível série de padecimentos que se prolongaria durante 10 anos. Tal foi o choque produzido em seu espírito pela violência do sequestro, que ela esqueceu-se até do próprio nome. Assim, quando foi interrogada pelos bandidos, não pôde pronunciar sequer uma palavra. Então um deles disse-lhe: "Muito bem... Chamar-te-emos Bakhita". Em sua voz havia um acento irônico, uma vez que este nome, em árabe, significa "afortunada". Padecimentos no cativeiro Chegando a um povoado, Bakhita foi introduzida numa cabana miserável e trancada num quarto estreito e escuro, onde permaneceu durante um mês. "Quanto eu tenha sofrido naquele lugar, não se pode dizer com as palavras", escreveria ela mais tarde. Por fim, depois desses dias nos quais a porta não se abria senão para deixar passar um parco alimento, a prisioneira pôde sair, não para ser posta em liberdade, mas para ser entregue a um traficante de escravos que acabava de adquiri-la. Bakhita haveria de ser vendida cinco vezes sucessivas, aos mais variados patrões, exposta nos mercados, presa pelos pés a pesadas correntes e obrigada a trabalhar sem descanso para satisfazer os caprichos de seus amos. Colocada a serviço da mãe e da esposa de um general, a jovem escrava ali enfrentou os piores anos de sua existência, como ela mesma descreve: "As chicotadas caíam em cima de nós sem misericórdia; de modo que nos três anos que estive a serviço deles, não me lembro de ter passado um só dia sem feridas, porque não havia ainda sarado dos golpes recebidos e recebia outros ainda, sem saber a causa. [...] Quantos maus tratos os escravos recebem sem nenhum motivo! [...] Quantas companheiras minhas de desventura morreram pelos golpes sofridos"! Além desses e de outros tormentos, fizeram-lhe uma tatuagem que a obrigou a permanecer imóvel sobre sua esteira por mais de um mês. Bakhita conservou até o fim da vida 144 cicatrizes sobre o corpo, além de um leve defeito ao caminhar. Certa vez, interrogada sobre a veracidade de tudo quanto fora contado a seu respeito, ela afirmou ter omitido em suas narrativas detalhes verdadeiramente espantosos, vistos apenas por Deus e impossíveis de serem ditos ou escritos. Entretanto, a mão do Senhor não a abandonou sequer um instante. Mesmo nos piores momentos, Bakhita sentia dentro de si uma força misteriosa que a sustentava, impelindo-a a comportar-se com docilidade e obediência, sem nunca se desesperar. Proteção amorosa de Deus Anos mais tarde, lançando um olhar sobre seu passado, reconhecia a intervenção divina nos acontecimentos de sua vida: "Posso dizer realmente que não morri por um milagre do Senhor, que me destinava a coisas melhores". E a Ele manifestava sua gratidão: "Se eu ficasse de joelhos a vida inteira, não diria, nunca, o bastante, toda a minha gratidão ao bom Deus". Prova dessa proteção amorosa de Deus, que a acompanhou desde a infância, foi a preservação de alma e de corpo na qual se manteve, mesmo em meio às torturas, sem que jamais sua castidade fosse atingida. "Eu estive sempre no meio da lama, mas não me sujei. [...] Nossa Senhora me protegeu, ainda que eu não A conhecesse. [...] Em várias ocasiões me senti protegida por um ser superior". A mudança para a Itália Em 1882, o general que a comprara teve de retornar à Turquia, seu país, e pôs à venda seus numerosos escravos Bakhita, fazendo jus a seu nome, logo despertou a simpatia do cônsul italiano Calixto Legnani, que se dispôs a adquiri-la. "Desta vez fui verdadeiramente afortunada, porque o novo patrão era bastante bom e começou a querer-me tanto bem". Embora o cônsul não pareça ter-se esforçado em iniciar nas verdades da Fé a jovem escrava, durante os anos em que esta viveu em sua casa, este período foi para ela a aurora do encontro com a Igreja. Como católico que era, Legnani tratou Bakhita com bondade. Ali não havia castigos, pancadas, nem mesmo repreensões, e ela pôde gozar da doçura característica das relações entre aqueles que procuram cumprir os mandamentos da caridade cristã. Ante o avanço de uma revolução nacionalista no Sudão, Calixto Legnani teve de voltar para a Itália. A pedido de Bakhita, levou-a consigo. Porém, chegados a Gênova, o cônsul cedeu a jovem sudanesa a seus amigos, o casal Michieli. Assim, ela passou a morar na residência desta família, em Mirano, na região do Veneto, tendo por encargo especial o cuidado da filha, a pequena Mimina. O encontro com seu verdadeiro Patrão e Senhor Estando ali, Bakhita recebeu de um amável senhor, que se interessara por ela, um belo crucifixo de prata: "Explicou-me que Jesus Cristo, Filho de Deus, tinha morrido por nós. Eu não sabia quem fosse [...]. Recordo que às escondidas o olhava e sentia uma coisa em mim que não sei explicar". Pouco a pouco, a graça foi trabalhando a alma sensível da ex-escrava africana, abrindo-a para as realidades sobrenaturais que ela desconhecia. Em sua Encíclica Spe Salvi, o Santo Padre Bento XVI assim descreve o milagre que se operou no interior de Bakhita: "Depois de ‘patrões' tão terríveis que a tiveram como sua propriedade até agora, Bakhita acabou por conhecer um ‘patrão' totalmente diferente - no dialeto veneziano que agora tinha aprendido, chamava ‘Paron' ao Deus vivo, ao Deus de Jesus Cristo. Até então só tinha conhecido patrões que a desprezavam e maltratavam ou, na melhor das hipóteses, a consideravam uma escrava útil. Mas agora ouvia dizer que existe um ‘Paron' acima de todos os patrões, o Senhor de todos os senhores, e que este Senhor é bom, a bondade em pessoa. Soube que este Senhor também a conhecia, tinha-a criado; mais ainda, amava-a. Também ela era amada, e precisamente pelo ‘Paron' supremo, diante do qual todos os outros patrões não passam de miseráveis servos. Ela era conhecida, amada e esperada; mais ainda, este Patrão tinha enfrentado pessoalmente o destino de ser flagelado e agora estava à espera dela ‘à direita de Deus Pai'".3 Uma inesperada decisão cheia de valentia Mais sofrimentos ainda a aguardavam, embora de ordem muito diversa dos anteriormente suportados: Deus lhe pediria uma prova de sua entrega, de sua renúncia a tudo, em razão do amor a Ele, oferecida de livre e espontânea vontade. Quando Bakhita, já instruída na Religião Católica pelas Irmãs Canossianas de Veneza, preparava-se para receber o Batismo, sua patroa quis levá-la de novo ao Sudão, onde a família Michieli resolvera fixar-se definitivamente. De caráter flexível e submisso, acostumada a se considerar propriedade de seus donos, revelou ela, naquela conjuntura, uma coragem até então desconhecida mesmo pelos seus mais próximos. Temendo que aquela volta pusesse em risco sua perseverança, negou-se a seguir sua senhora. As promessas de uma vida fácil, a perspectiva de rever sua pátria, a profunda afeição a Mimina e a gratidão a seus amos, nada disso pôde mudar sua decisão de dar-se a Jesus Cristo para sempre. Bakhita mostrara-se sempre dócil a seus superiores. Agora manifestava de outra forma essa virtude, obedecendo mais a Deus do que aos homens (cf. At 4, 19). "Era o Senhor que me infundia tanta firmeza, porque queria fazer-me toda sua". A entrega definitiva a Deus Tendo saído vitoriosa dessa batalha, Bakhita foi batizada, crismada e recebeu a Eucaristia das mãos do Patriarca de Veneza, no dia 09 de janeiro de 1890. Foram-lhe postos os nomes de Josefina Margarida Afortunada. "Recebi o santo Batismo com uma alegria que só os Anjos poderiam descrever", narraria mais tarde. Pouco depois, querendo selar sua entrega a Deus de maneira irreversível, solicitou seu ingresso no Instituto das Filhas da Caridade, fundado por Santa Madalena de Canossa, a quem devia sua entrada na Igreja. Na festa da Imaculada Conceição, em 1896, após cumprir seu noviciado com exemplar fervor, Josefina pronunciou seus votos na Casa-Mãe do Instituto, em Verona. A partir daí, sua vida foi um constante ato de amor a Deus, um dar-se aos outros, sem restrições, nem reservas. Ora encarregada de funções humildes, como a cozinha ou a portaria, ora enviada em missão através da Itália, a santa sudanesa aceitava com verdadeira alegria tudo quanto lhe ordenavam, conquistando a simpatia daqueles que a rodeavam, sem se cansar de dizer: "Sede bons, amai o Senhor, rezai por aqueles que não O conhecem". Sobre o espírito missionário de Bakhita comenta Bento XVI em sua encíclica: "A libertação recebida através do encontro com o Deus de Jesus Cristo, sentia que devia estendê-la, tinha de ser dada também a outros, ao maior número possível de pessoas. A esperança, que nascera para ela e a ‘redimira', não podia guardá-la para si; esta esperança devia chegar a muitos, chegar a todos".4 Submissão até o fim Por fim, após mais de 50 anos de frutuosa vida religiosa, durante os quais suas virtudes se acrisolaram no fogo da caridade, Bakhita sentiu a morte aproximar-se. Atacada por repetidas bronquites e pneumonias que foram minando sua saúde, suportou tudo com fortaleza de ânimo. Em suas últimas palavras, proferidas pouco antes de seu falecimento, deixou transparecer o gozo que lhe enchia a alma: "Quando uma pessoa ama tanto uma outra, deseja ardentemente ir para junto dela: por que, então, tanto medo da morte? A morte nos leva a Deus". Em 8 de fevereiro de 1947, a Irmã Josefina recebeu os últimos Sacramentos, acompanhando com atenção e piedade todas as orações. Avisada de que aquele dia era um sábado, seu semblante pareceu iluminar-se e exclamou com alegria: "Como estou contente! Nossa Senhora, Nossa Senhora”! Foram estas suas últimas palavras antes de entregar serenamente sua alma e encontrar-se face a face com o "Paron", que desde pequenina ansiava por conhecer. Seu corpo, transladado para junto da igreja, foi objeto da veneração de numerosos fiéis, que durante três dias ali afluíram, desejosos de contemplar pela última vez a querida Madre Moretta, como era carinhosamente conhecida, que com tanta bondade os tratara sempre. Miraculosamente, seus membros conservaram-se flexíveis durante esse período, sendo possível mover seus braços para pôr sua mão sobre a cabeça das crianças. Por este meio, Santa Josefina Bakhita revelava o grande segredo de sua santidade, refletido em seu próprio corpo. A via pela qual Deus a chamara fora a da submissão heroica à vontade divina e, para a posteridade, ela deixava um modelo a ser seguido. A humildade, a mansidão e a obediência transparecem em suas palavras, numa disposição verdadeiramente sublime de sua alma: "Se encontrasse aqueles negreiros que me raptaram, e mesmo aqueles que me torturaram, ajoelhar-me-ia para beijar as suas mãos; porque, se isto não tivesse acontecido, eu não seria agora cristã e religiosa". 1 Salvo indicação em contrário, todas as citações entre aspas pertencem a DAGNINO, Ir. Maria Luísa, Bakhita racconta la sua storia. Trad . Cecília Maríngolo, Canossiana. Roma: Città Nuova, 1989. p. 38 . 2 Cf. Suma Teológica, III, q. 66, a.11 . 3 BENTO XVI, Carta Encíclica Spe Salvi, 30/11/2007, n. 3 . 4 BENTO XVI, Carta Encíclica Spe Salvi, 30/11/2007, n. 3 (Revista dos Arautos, Fev/2009, n. 86, p. 34 à 38) ***************** Segundo texto biográfico: site do Vaticano JOSEFINA BAKHITA (1869-1947) Religiosa sudanesa da Congregação das Filhas da Caridade (Canossianas) Irmã Josefina Bakhita nasceu no Sudão (África), em 1869 e morreu em Schio (Vicenza-Itália) em 1947. Flor africana, que conheceu a angústia do rapto e da escravidão, abriu-se admiravelmente à graça junto das Filhas de Santa Madalena de Canossa, na Itália. A irmã morena Em Schio, onde viveu por muitos anos, todos ainda a chamam«a nossa Irmã Morena». O processo para a causa de Canonização iniciou-se doze anos após a sua morte e no dia 1 de dezembro de 1978, a Igreja emanava o Decreto sobre a heroicidade das suas virtudes. A Providência Divina que «cuida das flores do campo e dos pássaros do céu», guiou esta escrava sudanesa, através de inumeráveis e indizíveis sofrimentos, à liberdade humana e àquela da fé, até a consagração de toda a sua vida a Deus, para o advento do Reino. Na escravidão Bakhita não é o nome recebido de seus pais ao nascer. O susto provado no dia em que foi raptada, provocou-lhe alguns profundos lapsos de memória. A terrível experiência a fizera esquecer também o próprio nome. Bakhita, que significa «afortunada», é o nome que lhe foi imposto por seus raptores. Vendida e comprada várias vezes nos mercados de El Obeid e de Cartum, conheceu as humilhações, os sofrimentos físicos e morais da escravidão. Rumo à liberdade Na capital do Sudão, Bakhita foi, finalmente, comprada por um Cônsul italiano, o senhor Calixto Legnani. Pela primeira vez, desde o dia em que fora raptada, percebeu com agradável surpresa, que ninguém usava o chicote ao lhe dar ordens mas, ao contrário, era tratada com maneiras afáveis e cordiais. Na casa do Cônsul, Bakhita encontrou serenidade, carinho e momentos de alegria, ainda que sempre velados pela saudade de sua própria família, talvez perdida para sempre. Situações políticas obrigaram o Cônsul a partir para a Itália. Bakhita pediu-lhe que a levasse consigo e foi atendida. Com eles partiu também um amigo do Cônsul, o senhor Augusto Michieli. Na Itália Chegados em Gênova, o Sr. Legnani, pressionado pelos pedidos da esposa do Sr. Michieli, concordou que Bakhita fosse morar com eles. Assim ela seguiu a nova família para a residência de Zeniago (Veneza) e, quando nasceu Mimina, a filhinha do casal, Bakhita se tornou para ela babá e amiga. A compra e a administração de um grande hotel em Suakin, no Mar Vermelho, obrigaram a esposa do Sr. Michieli, dona Maria Turina, a transferir-se para lá, a fim de ajudar o marido no desempenho dos vários trabalhos. Entretanto, a conselho de seu administrador, Iluminado Checchini, a criança e Bakhita foram confiadas às Irmãs Canossianas do Instituto dos Catecúmenos de Veneza. E foi aqui que, a seu pedido, Bakhita, veio a conhecer aquele Deus que desde pequena ela «sentia no coração, sem saber quem Ele era». «Vendo o sol, a lua e as estrelas, dizia comigo mesma: Quem é o Patrão dessas coisas tão bonitas? E sentia uma vontade imensade vê-Lo, conhecê-Lo e prestar-lhe homenagem». Filha de Deus Depois de alguns meses de catecumenato, Bakhita recebeu os Sacramentos de Iniciação Cristã e o novo nome de Josefina. Era o dia 9 de janeiro de 1890. Naquele dia não sabia como exprimir a sua alegria. Os seus olhos grandes e expressivos brilhavam revelando uma intensa comoção. Desse dia em diante, era fácil vê-la beijar a pia batismal e dizer: «Aqui me tornei filha de Deus!». Cada novo dia a tornava sempre mais consciente de como aquele Deus, que agora conhecia e amava, a havia conduzido a Si por caminhos misteriosos, segurando-a pela mão. Quando dona Maria Turina retornou da África para buscar a filha e Bakhita, esta, com firme decisão e coragem fora do comum, manifestou a sua vontade de permanecer com as Irmãs Canossianas e servir aquele Deus que lhe havia dado tantas provas do seu amor. A jovem africana, agora maior de idade, gozava de sua liberdade de ação que a lei italiana lhe assegurava. Filha de Madalena Bakhita continuou no Catecumenato onde sentiu com muita clareza o chamado para se tornar religiosa e doar-se totalmente ao Senhor, no Instituto de Santa Madalena de Canossa. A 8 de dezembro de 1896, Josefina Bakhita se consagrava para sempre ao seu Deus, que ela chamava com carinho «el me Paron!». Por mais de 50 anos, esta humilde Filha da Caridade, verdadeira testemunha do amor de Deus, dedicou-se às diversas ocupações na casa de Schio. De fato, ela foi cozinheira, responsável do guarda-roupa, bordadeira, sacristã e porteira. Quando se dedicou a este último serviço, as suas mãos pousavam docemente sobre a cabecinha das crianças que, diariamente, freqüentavam as escolas do Instituto. A sua voz amável, que tinha a inflexão das nênias e das cantigas da sua terra, chegava prazerosa aos pequeninos, reconfortante aos pobres e doentes e encorajadoras a todos os que vinham bater à porta do Instituto. Testemunha do Amor A sua humildade, a sua simplicidade e o seu constante sorriso, conquistaram o coração de todos os habitantes de Schio. As Irmãs a estimavam pela sua inalterável afabilidade, pela fineza da sua bondade e pelo seu profundo desejo de tornar Jesus conhecido. «Sede bons, amai a Deus, rezai por aqueles que não O conhecem. Se, soubésseis que grande graça é conhecer a Deus!». Chegou a velhice, chegou a doença longa e dolorosa, mas a Irmã Bakhita continuou a oferecer o seu testemunho de fé, de bondade e de esperança cristã. A quem a visitava e lhe perguntava como se sentia, respondia sorridente: «Como o Patrão quer». A última prova Na agonia reviveu os terríveis anos de sua escravidão e vária vezes suplicava à enfermeira que a assistia: «Solta-me as correntes ... pesam muito!». Foi Maria Santíssima que a livrou de todos os sofrimentos. Assuas últimas palavras foram: «Nossa Senhora! Nossa Senhora!», enquanto o seu último sorriso testemunhava o encontro com a Mãe de Jesus. Irmã Bakhita faleceu no dia 8 de fevereiro de 1947, na Casa de Schio, rodeada pela comunidade em pranto e em oração. Uma multidão acorreu logo à casa do Instituto para ver pela última vez a sua «Santa Irmã Morena», e pedir-lhe a sua proteção lá do céu. Muitas são as graças alcançadas por sua intercessão.
REDE SOCIAL, TV E RÁDIO www.apparitionstv.com http://radiomensageiradapazjacarei.blogspot.com.br/ Santa Lúcia Filippini 1672-1732 Fundou o Instituto das Professoras Pias Lúcia nasceu no dia 13 de janeiro de 1672, em Corneto Tarquínia, proximidades de Roma, numa família honrada e abastada. Quando ainda tinha um ano de idade, Lúcia perdeu a mãe e alguns anos mais tarde, o pai. Ela foi entregue, para ser formada e educada, às Irmãs beneditinas e junto delas a menina descobriu o dom que tinha para ensinar. Muito dedicada aos estudos da Sagrada Escritura, e com a alma cheia de caridade, tomou para si, ainda no início da adolescência a função de ensinar o catecismo às crianças. Tantos eram os pequenos que a procuravam e tão cativante era sua forma de transmitir a Palavra do Senhor, que logo o padre do local a nomeou oficialmente a catequista paroquial. Certo dia, passou pela sua cidade o cardeal Marcantonio Barbarigo, que conheceu Lúcia, reconheceu sua vocação e levou-a para acabar seus estudos com as Irmãs clarissas. Preparada, foi colocada na liderança de uma missão que ele julgava essencial para corrigir os costumes cristãos de sua diocese: fundar escolas católicas em diversas cidades. Lúcia, em sua humildade, a princípio relutou, achando que a função estava acima de suas possibilidades. Mas o cardeal insistiu e ela iniciou seu trabalho que duraria quarenta anos. A missão exigiu imensos esforços, tantos foram os sacrifícios a que teve de se submeter. Contudo, nada a afastou da tarefa recebida. Nessas quatro décadas preparou professoras, catequistas, fundou escolas e organizou-as em muitas cidades e dioceses. Quando o cardeal Barbarigo faleceu, as dificuldades aumentaram. Lúcia uniu-se então a outras professoras e catequistas, juntando todas numa congregação, fundou em 1692, o Instituto das Professoras Pias. A fama do seu trabalho chegou ao Vaticano e em 1707, o Papa Clemente XI pediu para que Lúcia criasse uma de suas escolas em Roma. Lúcia Filippini faleceu aos sessenta anos, no dia 25 de março de 1732, de câncer, mas docemente e feliz pela sua vida entregue à Deus e às crianças, sementes das novas famílias que são a seiva da sociedade. Seu corpo descansa na catedral de Montefiascone, onde começaram as escolas católicas do Instituto das Professoras Pias Filippinas, como são chamadas atualmente. A festa litúrgica à Santa Lúcia Filippini foi marcada para o dia 26 de março, pelo Papa Pio XI, na solenidade de sua canonização, em 1930. Hoje, as escolas das professoras pias filippinas além de atuarem em toda a Itália, estão espalhadas por todo território norte americano, num trabalho muito frutífero junto à comunidade católica.
Combateu heresias, reforçou a disciplina eclesiástica, escreveu importantes obras, sendo seu pontificado o mais importante da antiguidade Cristã. “Num tempo em que a Igreja enfrentava os maiores obstáculos para seu progresso, em conseqüência da rápida desintegração do Império Romano do Ocidente, enquanto o Oriente estava profundamente agitado por controvérsias dogmáticas, esse grande Papa, com uma sagacidade sem precedentes e poderosa mão, guiou o destino da Igreja Romana e Universal”.(1) São Leão nasceu em Roma, de pais toscanos, no final do século IV ou começo do V. Já na juventude distinguiu-se nas letras profanas e na ciência sagrada. Um antigo concílio geral diz dele: “Deus, que o havia destinado a obter brilhantes vitórias contra o erro e a submeter a sabedoria do século à verdadeira fé, tinha posto em suas mãos as armas da ciência e da verdade”.(2) Tornando-se arcediago da Igreja romana, serviu sob os Papas São Celestino I e Sixto III. Hábil diplomata, era ele bem conhecido, pois foi por sua sugestão que Cassiano escreveu em 430 ou 431 sua obra De Incarnatione Domini contra Nestorium (“Sobre a Encarnação do Senhor, contra Nestório”). E também nesse mesmo ano São Cirilo de Alexandria a ele se dirigiu para interessá-lo em seu favor contra o mesmo herege Nestório. São Leão foi designado para várias missões delicadas na época. Em uma delas, em 440, foi enviado pelo Imperador Valentiniano III à Gália, para tentar reconciliar dois dos mais famosos personagens do Império — o comandante militar da Província, Aécio, e o principal magistrado, Albino —, que não pensavam senão em suas desavenças em vez de voltar-se contra os bárbaros que estavam às portas do vasto Império. São Leão encontrava-se nessa missão quando, falecendo o Papa Sixto, foi eleito para sucedê-lo. Leão foi sagrado no dia 29 de setembro de 440. Um mês depois, pedia ao povo romano, reunido na basílica de São João de Latrão: “Eu vos conjuro, pelas misericórdias do Senhor, que ajudeis com vossas orações àquele que haveis chamado com vossos desejos, a fim de que o espírito da graça permaneça sobre mim e não tenhais que arrepender-vos de vossa eleição”.(3) Incansável defensor da ortodoxia São Leão considerou como um de seus principais deveres, na qualidade de supremo Pastor, manter a disciplina eclesiástica, nesse tempo em que a contínua invasão de hordas bárbaras provocava desordens em todas as condições da vida; inclusive nas regras de moralidade, que estavam sendo seriamente violadas. Foi ele extremamente enérgico para a manutenção da disciplina, e muitos de seus sermões e decretos vão nesse sentido. Esforçava-se principalmente em sustentar a ortodoxia naqueles tempos difíceis para a Igreja e de decadência geral. “De sua primeira carta, escrita a Eutiques em 1º de junho de 448, à sua última carta ao novo Patriarca de Alexandria, Timóteo Salophaciolus, em 18 de agosto de 460, não podemos senão admirar a clara, positiva e sistemática maneira pela qual Leão, fortificado pela primazia da Santa Sé, teve parte nessa difícil confusão”.(4) Pouco depois de sua elevação ao sólio pontifício, começou a combater energicamente as heresias que surgiam no Oriente. Assim, por exemplo, soube que em Aquiléia sacerdotes, diáconos e clérigos, que tinham sido aderentes da heresia de Pelágio, haviam sido readmitidos à comunhão da Igreja sem ter feito abjuração explícita de sua heresia. O Papa, além de condenar severamente o fato, ordenou que um sínodo provincial se reunisse naquela cidade, no qual tais pessoas fossem intimadas a abjurar publicamente a heresia e a subscrever uma confissão de fé inequívoca. Outro grave problema que teve de enfrentar foi contra nova onda da heresia maniquéia. Hordas e hordas de maniqueus, que fugiram da África por causa da invasão dos vândalos, haviam se estabelecido em Roma, onde fundaram uma comunidade maniquéia secreta. O Papa ordenou aos fiéis que denunciassem esses hereges aos sacerdotes. Em 443, junto aos senadores e presbíteros, conduziu uma investigação pessoal contra a seita, sendo então seus líderes julgados e condenados. Por influência do Papa, o Imperador Valentiniano III promulgou um edito pelo qual estabeleceu punições contra os maniqueus. São Próspero de Aquitânia afirma em suas Crônicas que, em conseqüência das enérgicas medidas do pontífice contra a heresia, os maniqueus foram também expulsos das províncias; e que mesmo os bispos orientais emulavam com Leão I na perseguição a essa seita herética. São Leão defrontou-se também com a questão da heresia monofisista no Oriente, defendida por Eutiques, monge de Constantinopla. Ensinava o monge que em Jesus Cristo havia somente uma natureza; e não duas –– a humana e a divina –– como é o ensinamento correto. Eutiques já havia sido excomungado por São Flaviano,(5) Patriarca de Constantinopla, e apelou ao Papa. Leão I, depois de investigar a questão, escreveu uma carta dogmática a São Flaviano, com uma exposição serena e profunda da cristologia católica. No caos das discussões, este foi o guia seguro para os espíritos sinceros, estabelecendo e confirmando a doutrina da Encarnação e da união das naturezas divina e humana de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele urgiu que um concílio se reunisse para julgar o concílio ilegalmente realizado em Éfeso –– que condenara e depusera São Flaviano, inocentando Eutiques – e ao qual denominou de “Concílio de Ladrões”. Foi assim reunido o Concílio de Calcedônia, sob os auspícios dos imperadores Marciano e Santa Pulquéria (vide Catolicismo, setembro/08), que condenou Eutiques e Dióscoro, patriarca de Alexandria. Átila, rei dos hunos, o “Flagelo de Deus” Um perigo de outra ordem surgiu no horizonte. Átila, rei dos hunos, que a si mesmo chamava de “Flagelo de Deus”, tudo destruía nas Gálias. Tongres, Treves e Metz foram pilhadas; Troyes foi salva por São Lupo, e Orleans por Santo Aniano. Batido nas planícies de Chalons pelos esforços conjuntos de Aécio, Meroveu, rei dos francos, e Teodorico, rei dos visigodos, Átila voltou-se para o norte da Itália, destruindo tudo a ferro e fogo. Muitos se refugiaram nas pequenas ilhas existentes nas lagunas do Mar Adriático, dando origem a Veneza. Átila saqueou Milão; e o imperador Valentiniano III, não se julgando a salvo em Ravena, fugiu para Roma. O imperador, o senado e povo só viram uma saída para conjurar a situação: que São Leão fosse parlamentar com o invasor. Para São Leão, sua missão era clara: salvar o mundo cristão, e também sua pátria e seu povo. Mas a tarefa não era nada fácil, e o sucesso imprevisível. São Leão foi encontrar-se com o temível bárbaro nas proximidades de Mântua, revestido de todos os paramentos pontificais e acompanhado por sacerdotes e diáconos em trajes sacerdotais. “Como um leão que não conhece medo nem tardança, este varão se apresentou para falar ao rei dos hunos em Peschiera, pequena cidade próxima de Mântua, e moveu o vencedor a voltar”, diz um cronista da época. Outro contemporâneo, São Próspero da Aquitânia, afirma que São Leão “abandonou-se ao auxílio divino, que nunca falta ao esforço dos justos, e o êxito coroou sua fé”.(6) Átila prometeu viver em paz com o império mediante um tributo anual. Fez cessar imediatamente as hostilidades, e pouco depois, fiel à sua palavra, retornou aos Alpes. Os bárbaros perguntaram então a seu chefe por que, contra seu costume, havia mostrado tanto respeito para com o Papa, a ponto de obedecer tudo quanto ele havia proposto. Átila respondeu que “não foi a palavra daquele que veio me encontrar que me inspirou um medo tão respeitoso; mas eu vi junto a esse Pontífice um outro personagem, de um aspecto muito mais augusto, venerável por seus cabelos brancos, que se mantinha em pé, em hábito sacerdotal, com uma espada nua na mão, ameaçando-me com um ar e um gesto terríveis, se eu não executasse fielmente tudo o que me era pedido pelo enviado”. Esse personagem era o Apóstolo São Pedro. Segundo outra tradição, o Apóstolo São Paulo estava também presente. Não nos resta nenhum relato contemporâneo dessa intervenção dos Apóstolos. Mas a tradição que no-lo narra está consagrada pela autoridade do Breviário Romano.(7) Outra invasão de Roma, outras circunstâncias O Sumo Pontífice ordenou preces públicas para agradecer a Deus tamanho benefício. Mas o povo volúvel logo se esqueceu do magnífico favor, e se entregou às diversões como jogos no circo, teatros e deboches. O imperador não foi o último a dar o mau exemplo da imoralidade mais revoltante. Num sermão, São Leão aplicou ao povo as palavras de Jeremias (5, 2): “Vós os atingistes, e eles não sentiram; vós os quebrastes de golpes, e eles não quiseram submeter-se ao castigo”. Emocionado, acrescentou: “Queira Deus que estes males sirvam para a emenda dos que sobrevivem, e que, cessando as desgraças, cessem também as ofensas”.(8) Mas sua advertência não foi atendida. Por isso, três anos depois, São Leão já não foi tão bem sucedido com o vândalo Genserico. O que o Pontífice pôde obter dele foi que não queimasse a cidade e respeitasse a vida de seus cidadãos. E que estaria a salvo tudo o que se pudesse recolher nas três grandes basílicas de Roma. Mas Roma foi saqueada durante 15 dias. Ninguém morreu, mas muitos ficaram na miséria. O Pontífice procurou socorrer os necessitados e reconstruir a cidade, declarando outra vez que esses males se deviam à impiedade do povo. E exclamou: “Meu coração está cheio de tristeza e invadido por um grande temor. Porque estão em grande perigo os homens quando são ingratos a Deus, quando se olvidam de suas mercês e não se arrependem depois do castigo, nem se alegram com o perdão”.(9) São Leão enviou missionários à África para atender os cristãos cativos que Genserico levou consigo. A rica coleção de cartas e sermões admiráveis que nos legou São Leão Magno — e que lhe mereceram o título de Doutor da Igreja — são um claro espelho da história de seu tempo. “Com ele vemos pela primeira vez o Papado medieval em toda sua concepção grandiosa e sua intransigência necessária, e nele resplandece o duplo elemento que garante a vida divina da Igreja: autoridade e unidade”.(10) O grande Papa e santo faleceu em Roma no dia 10 de novembro de 461, e foi declarado Doutor da Igreja em 1754. ________________ Notas: 1. J.P. Kirsch, Pope Saint Leo, The Catholic Encyclopedia, online edition, www.newadvent.com. 2. Les Petits Bollandistes, Vies de Saints, Bloud et Barral, Paris, 1882, tomo IV, p. 328. 3. Frei Justo Perez de Urbel, O.S.B., Año Cristiano, Ediciones Fax, Madri, 1945, tomo II, p. 101. 4. J.P. Kirsch, id., ib. 5. Ver nosso artigo sobre Santa Pulquéria em Catolicismo, edição de setembro de 2008. 6. J.B. Weiss, História Universal, Tipografia La Educación, Barcelona, 1927, tomo IV, p. 328. 7. Les Petits Bollandistes, op. cit. p. 333. 8. Fr. Justo Perez de Urbel, op. cit., p. 103. 9. Id., ib., p. 105. 10. Id., Ib., p. 108. (Fonte: site Catolicismo, de Plínio Solimeo)
Santa Filomena é uma das virgens e mártires romanas mais veneradas pelos fiéis católicos. Coloca-se "pari passu" com Santa Luzia, Santa Inês e Santa Águeda (ou Ágata). Muitos santos foram-lhe devotos, destacando-se o grande Santo Cura de Ars (São João Maria Vianney), que não somente foi grande devoto dessa gloriosa virgem e mártir, como, foi favorecido com aparições celestes da mesma. A vida de Santa Filomena era praticamente desconhecida, visto que, nada foi escrito sobre ela no martirológio romano. Sabia-se apenas seu nome, graças ao achado de uma placa em seu túmulo em uma catacumba romana. Lápide do túmulo de Santa Filomena, virgem e mártir. As placas estavam trocadas. Na verdade seria: Pax tecum Filumena, isto é, "a paz esteja contigo, Filomena". Na placa vinham símbolos que se referiam ao seu martírio e vida: 1) A Âncora 2) Flechas; 3) Palma do martírio; 4) Flagelo ; 5) "Lança" ou "Machado"; 6) Lírio da pureza ou virgindade. Mas Deus, querendo glorificar sua serva, fez com que a mesma aparecesse a uma piedosa religiosa, Madre Maria Luisa de Jesus, revelando a história de seu martírio. Essa história, conta com o "nihil obstat" da Igreja. Não é matéria de fé, porém, pela beleza e riqueza dos detalhes, é bem plausível, visto que, na história testemunhada de muitos santos mártires, milagres igualmente portentosos também aconteceram... Santos e santas que foram devotos (as) de Santa Filomena "Retrato" de Santa Filomena de acordo com a descrição feita por Madre Maria Luisa de Jesus História da vida e do martírio de Santa Filomena (Segundo as revelações à Serva de Deus Madre Maria Luisa de Jesus) Eu sou a filha de um príncipe que governava um pequeno Estado da Grécia. Minha Mãe era também da realeza. Eles não tinham meninos. Eram idólatras e continuamente ofereciam orações e sacrifícios à seus deuses falsos. Um doutor de Roma chamado Públio vivia no palácio ao serviço de meu pai. Este doutor havia professado o cristianismo. Vendo a aflição de meus pais e por um impulso do Espírito Santo lhes falou acerca de nossa fé e lhes prometeu orar por eles, se consentissem em batizarem-se. Serva de Deus Madre Maria Luisa de Jesus, a quem apareceu Santa Filomena narrando sua vida e martírio A graça que acompanhava suas palavras iluminou o entendimento de meus pais e triunfou sobre sua vontade. Fizeram-se cristãos e obtiveram seu esperado desejo de ter filhos. Ao momento de nascer me puseram o nome de Lumena, em alusão à luz da fé, da qual era fruto. No dia de meu batismo me chamaram Filomena, filha da luz (filia luminis) porque nesse dia havia nascido à fé. Meus pais me tinham grande carinho e sempre me tinham com eles. Foi por isso que me levaram a Roma, em uma viagem que meu pai foi obrigado a fazer devido a uma guerra injusta. Eu tinha treze anos. Quando chegamos a capital, nos dirigimos ao palácio do imperador e fomos admitidos para uma audiência. Tão pronto Diocleciano me viu, fixou os olhos em mim. O imperador ouviu toda a explicação do príncipe, meu pai. Quando este acabou e não querendo ser já mais molestado lhe disse: “Eu porei a tua disposição toda a força de meu império. Eu só desejo uma coisa em troca, que é a mão de tua filha”. Meu pai, deslumbrado com uma honra que não esperava, atende imediatamente a proposta do imperador e quando regressamos a nossa casa, meu pai e minha mãe fizeram todo o possível para induzir-me a que cedesse aos desejos do imperador e os seus. Eu chorava e lhes dizia: “vocês desejam que pelo amor de um homem eu rompa a promessa que fiz a Jesus Cristo? Minha virgindade pertence a ele e eu já não posso dispor dela”. Mas sois muito jovem para esse tipo de compromisso - me diziam - e juntavam as mais terríveis ameaças para fazer-me aceitar casar com o imperador. A graça de Deus me fez invencível. Meu pai não podendo fazer o imperador ceder e para desfazer-se da promessa que havia feito, foi obrigado por Diocleciano a levar-me a sua presença. Antes, tive que suportar novos ataques da parte de meus pais até o ponto, que de joelhos ante mim, imploravam com lágrimas em seus olhos, que tivesse piedade deles e de minha pátria. Minha resposta foi: “Não, não, Deus e o voto de virgindade que lhe fiz, vem primeiro que vocês e minha pátria. Meu reino é o Céu”. Minhas palavras os fez desesperar e me levaram ante a presença do imperador, o qual fez todo o possível para ganhar-me com suas atrativas promessas e com suas ameaças, as quais foram inúteis. Ele ficou furioso e, influenciado pelo demônio, me mandou a um dos cárceres do palácio onde fui encadeada. Aparição de Maria e do Menino Jesus a Santa Filomena Pensando que a vergonha e a dor iam me debilitar o valor que meu Divino Esposo me havia inspirado. Me vinha ver todos os dias e soltava minhas cadeias para que pudesse comer a pequena porção de pão e água que recebia como alimento, e depois renovava seus ataques, que se não houvesse sido pela graça de Deus não teria resistido. Eu não cessava de encomendar-me a Jesus e sua Santíssima Mãe. Meu cativeiro durou trinta e sete dias, e no meio de uma luz celestial, vi a Maria com seu Divino Filho em seus braços, a qual me disse: "Filha, três dias mais de prisão e depois de quarenta dias, se acabará este estado de dor". As felizes noticias fizeram meu coração bater de alegria, mas como a Rainha dos Anjos havia dito, deixaria a prisão, para sustentar um combate mais terrível que os que já havia tido. Passei da alegria a uma terrível angustia, que pensava me mataria. “Filha, tem valentia”, disse a Rainha dos Céus e me recordou meu nome, o qual havia recebido em meu Batismo dizendo-me: "Vós sois LUMENA, e Vosso Esposo é chamado Luz. Não tenhais medo. Eu ajudarei no momento do combate, a graça virá para dar-vos força. O anjo Gabriel virá a socorrer, eu lhe recomendarei especialmente a ele, vosso cuidado". As palavras da Rainha das Virgens me deram ânimo. A visão desapareceu deixando a prisão cheia de um perfume celestial. O que me havia anunciado, logo se realizou. Diocleciano perdendo todas as suas esperanças de fazer-me cumprir a promessa de meu pai, tomou a decisão de torturar-me publicamente e o primeiro tormento era ser flagelada. Ordenou que me tirassem meus vestidos, que fosse atada a uma coluna em presença de um grande número de homens da corte, fez com que me flagelassem com tal violência, que meu corpo se banhou em sangue, e luzia como uma só ferida aberta. O tirano pensando que eu ia desmaiar e morrer, me fez arrastar a prisão para que morresse. Dois Anjos brilhantes como a luz, me apareceram na obscuridade e derramaram um bálsamo em minhas feridas, restaurando em mim a força, que não tinha antes de minha tortura. Quando o imperador foi informado da mudança que em mim havia ocorrido, me fez levar ante sua presença e trato de fazer-me ver que minha cura se devia a Júpiter o qual desejava que eu fosse a imperatriz de Roma. O Espírito Divino, ao qual lhe devia a constância em perseverar na pureza, me encheu de luz e conhecimento, e a todas as provas que dava da solidez de nossa fé, nem o imperador nem sua corte podiam achar resposta. Então, o imperador frenético, ordenou que me afogassem, com um âncora atada ao pescoço nas águas do rio Tiber. A ordem foi executada imediatamente, mas Deus permitiu que não acontecesse. No momento no qual ia ser precipitada ao rio, dois Anjos vieram em meu socorro, cortando a corda que estava atada a âncora, a qual foi parar ao fundo do rio, e me transportaram gentilmente a vista da multidão, nas margens do rio. O milagre fez que um grande número de espectadores se convertessem ao cristianismo. O imperador, alegando que o milagre se devia a magia, me fez arrastar pelas ruas de Roma e ordenou que me fosse disparada uma chuva de flechas. O sangue brotou de todas as partes de meu corpo e ordenou que fosse levada de novo a meu cárcere. O céu me honrou com um novo favor. Entrei em um doce sono e quando despertei estava totalmente curada. O tirano cheio de raiva disse: “Que seja traspassada com flechas afiadas”. Outra vez os arqueiros dobraram seus arcos, colheram todas as suas forças, mas as flechas se negaram a sair. O imperador estava presente e ficou furioso e pensando que a ação do fogo podia romper o encanto, ordenou que se pusesse a esquentar no forno e que fossem dirigidas ao meu coração. Foi obedecido, mas as flechas, depois de ter percorrido parte da distância, tomaram a direção contrária e regressaram a ferir a aqueles que a haviam atirado. Seis dos arqueiros morreram. Alguns deles renunciaram ao paganismo e o povo começou a dar testemunho público do poder de Deus que me havia protegido. Isto enfureceu ao tirano. Este determinou apressar minha morte, ordenando que minha cabeça fosse cortada com um machado. Então, minha alma voou até meu Divino Esposo, o qual me deu a coroa da virgindade a palma do martírio. ***** Mostra iconográfica de Santa Filomena: O santo Cura de Ars foi um dos santos que mais se destacaram na devoção a Santa Filomena. Segundo relato do próprio santo, alcançava grandes milagres graças à sua intercessão.
A história de Santa Escolástica está intimamente ligada àquele que por desígnios da Providência nasceu com ela para a vida, o grande São Bento, seu irmão gêmeo e pai do monacato ocidental, a quem amou com todo o seu coração. Quando Nosso Senhor veio ao mundo, trouxe-nos um mandamento novo: "Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros"(Jo 13,34). Este amor levado às últimas consequências propiciou-nos a Redenção. E um relacionamento humano regrado e bem conduzido deve seguir o exemplo do Divino Mestre. O verdadeiro amor ao próximo é aquele que se nutre por outrem por amor a Deus e que tem o Criador como centro, visando a santidade daqueles que se amam. Já ensinava Santo Agostinho que só existem dois amores: ou se ama a si mesmo até o esquecimento de Deus, ou se ama a Deus até o esquecimento de si mesmo. Assim foi Santa Escolástica, alma inocente e cheia de amor a Deus, de quem pouco se conhece, mas que, abrindo-se à sua graça, adquiriu excepcional força de alma e logrou chegar à honra dos altares. Sua história está intimamente ligada à aquele que por desígnios da Providência nasceu com ela para a vida, o grande São Bento, seu irmão gêmeo e pai do monacato ocidental, a quem amou com todo o seu coração. Nasceram Escolástica e Bento em Núrsia, na Úmbria, região da Itália situada ao pé dos montes Apeninos, no ano 480. Como seu irmão, teve ela uma educação primorosa. Com seus pais, muito católicos e tementes a Deus, constituíam uma das famílias mais distintas daquelas montanhas. Modelo de donzela cristã, Escolástica era piedosa, virtuosa, cultivava a oração e era inimiga do espírito do mundo e das vaidades. Sempre caminhou em uníssono com seu irmão Bento, unidos já antes de nascer e irmãos gêmeos também de alma. Com a morte dos pais, Escolástica vivia mais recolhida no retiro de sua casa. Quando se inteirou que seu irmão deixara o deserto de Subiaco e fundara o célebre mosteiro de Monte Cassino, decidiu ela professar a mesma perfeição evangélica, distribuindo todos os seus haveres aos pobres e partindo com uma criada em busca do irmão. Encontrando-o, explicou-lhe suas intenções de passar o resto da vida numa solidão como a dele e suplicou-lhe que fosse seu pai espiritual, prescrevendo-lhe as regras que deveria seguir para o aperfeiçoamento de sua alma. São Bento, já conhecendo a vocação da irmã, aceitou-a e mandou construir para ela e a criada uma cela não muito longe do mosteiro, dando-lhe basicamente a mesma regra de seus monges. A fama de santidade desta nova eremita foi crescendo e, pouco a pouco, se juntaram a ela muitas outras jovens que se sentiam chamadas para a vida monástica, colocando-se todas sob a sua direção, juntamente com a de São Bento, formando assim uma nova Ordem feminina, mais tarde conhecida como das Beneditinas, que chegou a ter 14.000 conventos espalhados por todo o Ocidente. A cada ano, alguns dias antes da Quaresma, encontravam-se Bento e Escolástica a meio caminho entre os dois conventos, numa casinha que ali havia para este fim. Passavam o dia em colóquios espirituais, para depois tornarem a ver-se no ano seguinte. Um dos capítulos do livro "Diálogos", de São Gregório Magno, ajudou a salvar do esquecimento o nome desta grande santa que tem lugar de predileção entre as virgens consagradas. O grande Papa santo narra com simplicidade o último encontro de São Bento e Santa Escolástica, em que a inocência e o amor venceram a própria razão. Era a primeira quinta-feira da Quaresma de 547. São Bento foi estar com sua irmã na casinha de costume. Passaram todo o dia falando de Deus. Ao entardecer, levantou-se São Bento decidido a regressar a seu mosteiro, para voltar apenas no próximo ano. Pressentindo que sua morte viria logo, Santa Escolástica pediu ao irmão que passassem ali a noite e não interrompessem tão abençoado convívio. Ao que o irmão respondeu: - Que dizes? Não sabes que não posso passar a noite fora da clausura do convento? Escolástica nada disse. Apenas abaixou a cabeça e, na inocência de seu coração, pediu a Deus que lhe concedesse a graça de estar um pouco mais com seu irmão e pai espiritual, a quem tanto amava. No mesmo instante o céu se toldou. Raios e trovões encheram o firmamento de luz e estrondos. A chuva começou a cair torrencialmente. Era impossível subir o Monte Cassino naquelas condições. Escolástica apenas perguntou a seu irmão? - Então, não vais sair? São Bento, percebendo o que se havia passado, perguntou-lhe: - Que fizeste, minha irmã? Deus te perdoe por isso... - Eu te pedi e não quiseste me atender. Pedi a Deus e Ele me ouviu - respondeu a cândida virgem. Passaram aquela noite em santo convívio, podendo o santo fundador regressar ao seu mosteiro apenas no outro dia pela manhã. De fato, confirmou-se o pressentimento de Escolástica. Entregou sua alma ao Criador três dias depois deste belo fato. São Bento viu, da janela de sua cela, a alma de Escolástica subir ao céu sob a forma de uma branca pomba, símbolo da inocência que ela sempre teve. Levou o corpo para seu mosteiro e aí o enterrou no túmulo que havia preparado para si próprio. Alguns meses mais tarde também faleceu São Bento. Ficaram assim unidos na morte aqueles dois irmãos que na vida terrena se haviam unido pela vocação. Comentando este fato da vida dos dois grandes santos, São Gregório diz que o procedimento de Santa Escolástica foi correto, e Deus quis mostrar a força de alma de uma inocente, que colocou o amor a Ele acima até da própria razão ou regra. Segundo São João, "Deus é amor" (I Jo 4, 7) e não é de admirar que Santa Escolástica tenha sido mais poderosa que seu irmão, na força de sua oração cheia de amor. "Pôde mais quem amou mais", ensina São Gregório. Aqui o amor venceu a razão, nesta singular contenda. Peçamos a Santa Escolástica a graça da restauração de nossa inocência batismal, para que cresça o amor a Deus em nossa alma e possamos ter sua força espiritual para dizer com toda propriedade as palavras de São Paulo: "Tudo posso naquele que me conforta" (Fl 4, 13).