Estive em Ilhéus esses dias, especificamente nos dias 17 à 19 de setembro, e o meu maior interesse não foi ir as praias, estava ansioso para visitar o teatro, o bataclã e por fim satisfazer a maior ansiedade, conhecer a "CASA DE JORGE AMADO". Definitivamente prostrei-me diante do fato de que "SOMOS AQUILO QUE ESCREVEMOS OU LEMOS". Ouvi dizer em algum lugar que uma biblioteca é um gabinete mágico em que há muitos espíritos enfeitiçados. Despertam qua ndo os chamamos; enquanto não abrimos um livro, esse livro, literalmente, geometricamente, é um volume, uma coisa entre coisas. Quando o abrimos, quando o livro dá com seu leitor, ocorre o fato estético. E, cabe acrescentar, até para o mesmo leitor o mesmo livro muda, já que mudamos, já que somos (para voltar a minha citação predileta) o rio de Heráclito, que disse que o homem de ontem não é o homem de hoje e o homem de hoje não será o de amanhã. Mudamos incessantemente e é possível afirmar que cada leitura de um livro, que cada releitura, cada recordação dessa releitura renovam o texto. Também o texto é o mutável rio de Heráclito. Isso pode nos levar à doutrina de Croce (Benedetto Croce, filósofo Italiano), que não sei se é a mais profunda, mas sim a menos prejudicial à ideia de que a literatura é expressão. O que nos leva à outra doutrina de Croce, que se costuma esquecer: se a literatura é expressão, a literatura é feita de palavra e a linguagem também um fenômeno estético. Isto é algo que costumamos a aceitar: o conceito de que a linguagem é um fato estético. Quase ninguém professa a doutrina de Croce e todos a aplicam continuamente. Jorge é amado por se fazer presente em nossa memória... Definitivamente, "Sou aquilo que leio..." Paulinho Almeida. Tempo de Vida. 26/09/2.012.